No
passado sábado dia 9 de Dezembro, o Stairway Club de Cascais recebeu uma noite
de old school death metal, a cargo de duas jovens bandas nacionais: Beyond
Carnage e Okkultist.
E se para
os Okkultist, a cave do Largo das Grutas é quase uma segunda casa, para os
Beyond Carnage foi a estreia na mítica sala, e uma oportunidade que a banda de
João Colaço agarrou com ambas as mãos. A preparar a edição do EP de estreia, a
banda arrancou com “Infectious Parasitic Fungal God”, seguido de “Necro Wizard”
e “Curse of the Burning Rain”. Os Beyond Carnage tocam um death metal retirado
do final dos anos 80, onde se notam influências de bandas como Morbid Angel ou
Asphyx, com a dupla de guitarristas a criarem um ambiente bastante perto do
doom metal mas a 1000 à hora, com ênfase na criação de ambientes lúgubres e
cinzentos e deixando de lado a diferença entre solo e ritmo, algo que sempre caracterizou
o death metal mais antigo. “Prophecy from a World Beyond”, a faixa que a banda
tinha mostrado o ano passado, é o caso paradigmático do que se acabou de dizer,
uma faixa super pesada, alternando fases rápidas com abrandar da velocidade,
onde encaixa de forma excelente a voz gutural de Colaço. O vocalista aproveitou
para agradecer a oportunidade dada para abrirem a festa para os Okkultist, numa
sala onde referiu ter visto o seu primeiro concerto, curiosamente da banda
folk/viking metal nacional Gwydion, onde tocava na altura o actual baterista da
banda, Luís Abreu. “R’lya, Mother of all Abominations”, “Lycanthropy” e “Gor’korath”
encerraram a prestação dos Beyond Carnage, deixando água na boca para ouvir
esse EP que está prestes a rebentar por aí.
Breve
troca de material no palco do Stairway e começa a soar o intro com que os
Okkultist iniciam a sua prestação. “Bring Your Own Crucifix” explode na sala e
de entre nuvens de fumo surge Beatriz Mariano, a frontwoman da banda de Cascais,
vociferando a letra que fala da dificuldade em exorcizar sentimentos assassinos.
Vestida de negro, de cruz na testa e cruz invertida e pentagrama desenhados nas
mãos, não mais parou de demonstrar porque muitos a consideram uma das melhores
vocalistas death portuguesas, com agressividade aliada a teatralidade na
entrega às músicas, coadjuvada por uma banda cada vez mais unida, e que esta
noite não pôde contar com o guitarrista Moisés, ausente do país, substituído
pelo Bruno. A banda está cada vez melhor a cada concerto que passa, notando-se
enorme evolução no som ao vivo, com Leander a brilhar nos solos e um ritmo
diabólico marcado pelo Ivo na bateria. “Ich Bin Die Schwärzeste Seele” e “Sacred Brutality”, com os seus breaks
a entrar por território doom, relembraram o público presente da excelência do
EP “Eye of the Beholder” deste ano, e que colocou a banda nas bocas dos amantes
de death metal nacionais. “Mortals & Ghouls” foi a surpresa da noite, uma
faixa que nem sempre tem sido escolhida no alinhamento dos Okkultist, mas que
resultou muito bem no ambiente escuro da noite. Para fecho, os tradicionais “Killing
Is The Sweetest Thing”, com um solo fantástico do Leander pelo meio, e a
apoteose com a ultra rápida “I Spit In Your Grave”, que terminou uma prestação
que deixou todos a pedir mais.
Texto e fotografias por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Amazing Events