Depois da passagem pela cidade do
Porto na noite anterior, foi nesta não tão fria e, como seria de esperar, não tão
animada noite de segunda-feira que a motivação para mais uma semana de trabalho nos chegou em tom de grind.
Quando damos por isso já os Besta
tinham subido a palco e, não fosse pelas duas bandas que se seguiriam, pouco teria
sobrado depois da sua atuação. Uma banda com uma agenda bastante preenchida
para este final de ano e que a cada concerto nos tem vindo a relembrar que o underground português se mantém rico em
talento e trabalho. Ao nível de tantas outras, entregaram-nos uma performance abominável
e instigadora, mas acima de tudo coerente, fruto de uma máquina bem oleada,
consequência da colaboração entre os membros da banda em numerosos projetos. Foram
o ingrediente perfeito para aquecer uma sala já bastante composta, pronta para
entrar em ebulição.
Desta tour fizeram também parte os
germânicos Deathrite e o seu death metal
com um gostinho a grind. Esta foi a
primeira visita da banda a território lusitano e, mesmo sem se demonstrarem
particularmente conversadores ou interativos, proporcionaram muitos bons
momentos ao público presente. Com uma fórmula sem espaço para grandes surpresas,
destacou-se a guitarra em alguns momentos-chave e a atitude do vocalista,
sempre a tentar que os seus refrões se fizessem acompanhar. Impulsionaram as
primeiras tentativas de movimento na sala, mas os presentes pareciam querer conservar
toda a energia possível para o que se seguiria.
Sem espaço para grandes demoras apagaram-se
as luzes que iluminavam já um enorme banner
com o nome da banda, ouviu-se a intro de “Apex Predator – Easy Meat” e voltou
a iluminar-se o palco para receber os quatro elementos de uma das bandas mais
emblemáticas do metal extremo. Haris, Herrera, Embury e Barney entraram em
palco e o caos instalou-se em menos de um piscar de olhos. Com os primeiros blast beats chegaram também os primeiros
stage divers e durante cerca de uma
hora de concerto só se sentiu aumentar a entropia na sala, dentro e fora do moshpit. Com uma setlist incapaz de deixar qualquer fã dos britânicos, ou mesmo grindcore aficionado, indiferente, ouviu-se
de tudo um pouco, entre temas do seu mais recente Apex Predator – Easy Meat” e o
seu tão conhecido álbum de estreia “Scum”. Poucos são os que procuram uma
performance desta banda sem esperar por uma, duas ou (normalmente) mais
intervenções de Barney no que respeita às visões sociais e políticas da banda.
Como tal, não puderam faltar algumas palavras sobre liberdade, religião e influência
dos media e governo naquilo a que chamamos mundo atual, devidamente colocadas
entre “Scum”, “Suffer The Children”, “From Enslavement To Obliteration” e as
covers “Nazi Punks Fuck Off” de Dead Kennedys e “Victims Of a Bomb Raid” de
Anti-Cimex. Daquelas bandas de que nunca será possível dizer ou ouvir que já se
viu vezes demais. Um início de semana atribulado, mas reconfortante.
Texto por Andreia Teixeira
Agradecimentos: Hellxis
Texto por Andreia Teixeira
Agradecimentos: Hellxis