O
termómetro marcava quatro graus quando no passado dia 2 de dezembro o Stairway
Club abriu as portas para mais uma noite de música ao vivo na mítica sala de
Cascais. O cartaz era bastante aliciante, com a rara presença pela capital do fenómeno do grindcore nacional, os portuenses Grunt.
A abrir a
noite gelada estiveram os Toxikull, banda que faz do Stairway quase uma segunda
casa, e que se mostrou bem à vontade com uma plateia composta de amigos e
conhecidos, que acompanharam a banda na totalidade das faixas apresentadas. A
banda de Lex Thunder aproveitou a deixa para anunciar que está em estúdio para
a gravação de um Ep, que assim sucede a “Black Sheep”, o disco de estreia da
banda, e apresentou mesmo uma faixa nova, “Surrender or Die”. De resto, a banda
continua a provar ao vivo que são uma das promessas do thrash metal nacional,
com entrega total e sem falhas. Lex e Antim “Armageddon” vão intercalando as
vozes, fornecendo uma frescura ao som da banda, enquanto as guitarras dos manos
Lex e Blade lutam entre si pelo protagonismo, rendilhando riffs ao melhor
estilo de uns jovens Megadeth. Destaque, como é habitual, para os clássicos “Black
Sheep” e “The Shepherd”, que encerram os concertos dos Toxikull.
Os Grunt incluíram a passagem por Cascais na sua Iberian Abuse Tour 2017, que seguirá
agora para terras espanholas, e em boa hora o fizeram! Em formato mais “comedido”,
uma vez que a banda vive muito do espectáculo em palco aliado às práticas
sado-masoquistas, nem por isso deixou de produzir uma excelente performance. A
abertura com “Confinement Unravels Delirium” mostrou aquilo que a banda trazia
na bagagem: No Bullshit, Just Grind, com mínima interacção com o público,
excepção feita ao vocalista Boy-G, cuja presença imóvel - com o já tradicional
gesto de mão aberta na vertical em frente da face – entre faixas era
substituída por uma pose ameaçadora na entrega às músicas e diversos
agradecimentos a quem decidiu vir até ao “mítico Stairway”. Seguiram-se “Relinquish Control” e “The Edgeplay”, esta última do segundo disco da banda, “Codex
Bizarre”, altura em que a banda retirou as máscaras com que iniciaram o
concerto. Os Grunt praticam um Grindcore mais melódico do que rápido, apesar da
média de duração das faixas rondar os 2 minutos ou menos, estando mais próximos
de uns Cradle of Filth do que os conterrâneos Napalm Death. “Teased and
Tormented”, “Helix Masterpiss”, “Supreme Rubbercore” e “The Sweet Smell of Servitude”
seguiram-se no alinhamento, todas retiradas de “Codex...”, bem como as
seguintes “Teratoid Latex Feudalist” e “Funeral Submission Suite”. Para a recta
final do concerto no Stairway, os Grunt escolheram os clássicos editados no
distante 2011, no LP de estreia “Scrotal Recall”. Primeiro “Shemale”, logo
seguido de “Topless buffet” e um excelente “Goth girls don’t say no”. O encore
chegou com “Vassalage Grotesque”, uma das mais longas faixas da discografia da
banda, e que com os seus quase seis minutos de duração encerrou esta passagem
dos Grunt pelos arredores de Lisboa.
(mais fotografias do evento em breve)
Texto por Vasco Rodrigues
Fotografia por Igor Ferreira
Agradecimentos: Amazing Events