Os Death Before Dishonor são uma daquelas bandas de culto do hardcore underground que, quando se atrevem a sair do conforto, do continente norte-americano, é bom estar presente, pois um concerto deles é sempre uma mistura de emotividade com suor. A banda de Boston regressou ao Velho Continente, depois de três anos de ausência, e incluindo Portugal na sua tour europeia, tocando no Popular Alvalade, na passada terça-feira 14 de Novembro.
Das Caldas da Rainha chegaram os Challenge, para aquecer os amantes de hardcore que já mostravam a boa casa, que esta noite viria a registar. A banda está prestes a editar o sucessor de “CRHC”, editado pela Hell Xis, em 2015, e apresentou no Popular uma faixa nova, “You Don’t Care”. O alinhamento incluiu a maioria dos temas de “CRHC” e duas excelentes covers, “Clobberin Time”, clássico do primeiro EP dos nova-iorquinos Sick of it All, e “No Exceptions”, dos Floorpunch de New Jersey, que encerrou a prestação dos caldenses.
Os búlgaros Last Hope não visitavam o nosso país, há seis anos, e mostraram-se muito agradados com o facto da plateia não se ter esquecido deles. Mal soaram os primeiros acordes percebeu-se que íamos ser brindados por uma excelente prestação. Lisboa é a quinta paragem da tour europeia de suporte aos Death Before Dishonor, e os Last Hope trazem na bagagem todos os clássicos, soltando o caos com faixas como “Chain Reaction”. “Alive”, do álbum “More Than Ever”, de 2012, foi dedicada à comunidade hardcore mundial, que aparece sempre nestas ocasiões, e também para celebrar os vinte anos de banda, com o refrão “hardcore saved my life” a ser gritado por uma plateia em delírio. “New Day Heroes”, retirado de “Chain Reaction”, foi mais um dos pontos altos da prestação da banda de Sófia, com o público bem envolvido na prestação da banda, que deixou para final o excelente “F.P.”, um clássico já com 17 anos.
Bryan Harris avisou o público presente que tinha passado um dia de cão, a sentir-se bastante mal ao longo do dia, mas mal pisou o palco do Popular Alvalade ninguém notou que o líder dos Death Before Dishonor estivesse em baixo de forma, senque que o próprio enalteceu as capacidades “curativas” da sala muito bem composta. E não foi preciso esperar muito para ter movimento no Popular! Aos primeiros acordes de “Never Again”, retirado de “Friends Family Forever”, de 2005, é o caos na sala. Ao longo do concerto, Bryan mostra-se muito agradado com o que vai vendo na plateia, não parando de elogiar o público português, “que faz com que esteja do outro lado do mundo mas a sentir-se em casa”. “Peace and Quiet” logo seguida de “Remember” não deixa ninguém descansar. Bryan também não esquece quem o levou ali, agradecendo ao Emanuel da Hell Xis a confiança e “aturar o seu mau feitio”, arrancando para um excelente “Better Ways To Die”. Continuando com material do disco de 2009, segue-se “Our Glory Days” e “Boys in Blue”. “Curl up and die”, do terceiro álbum da banda, “Count Me In” (2007) antecede uma dedicatória muito especial aos portugueses For The Glory, que, diz Bryan, “não tocaram hoje mas estão sempre no meu coração”. Arranca então “6.6.6. (Family Friends Forever)”, com a sala a explodir de energia e a responder aos pedidos de Bryan para um circle pit maior e mais veloz. Chega ao fim a actuação da banda norte-americana, não antes sem esta pedir autorização para um encore, que dá tempo apenas para uma faixa, aquela que é o hino dos Death Before Dishonor à sua cidade natal, “Boston Belongs to Me”, versão adaptada do velhinho “England Belongs to Me” dos Cock Sparrer.
Texto por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Hellxis