Em 2013, “U.M.A.”, o disco de estreia destes italianos, não só há de ter ficado na memória de quem o ouviu, como também ainda há de ser uma audição habitual. O cosmos transcendental criado através de uma base de black metal e música electrónica apanhou muita gente desprevenida e deixou-nos com uma daquelas pérolas do underground.
Quatro anos depois, “oltreLuna” marca o regresso dos PTP e do seu black metal atmosférico. Tal como em “U.M.A”, mal começa a rodar com “[.Pianeta.Zero.]”,o ouvinte é logo absorvido por um vórtice que o levará à distante dimensão da sonoridade deste trio. E não é preciso esperar muito até se notarem algumas, se não até muitas, novidades em relação ao disco anterior. “[.Pianeta.Zero.]” começa com uma descarga de riffs brutos e espessos que, apesar de não serem tão viciantes e imponentes como os que se ouvem na colossal malha de 2013, “Sovrorobozzazione”, são muito bem conseguidos. Estes riffs funcionam às mil maravilhas quando inseridos ao lado dos batuques tribais que por vezes vêm ao de cima, das melodias hipnóticas das guitarras e da atmosfera futurista em si. A voz melhorou bastante desde os sussurros maquinais de “U.M.A.”, continuando em si a ter uma dose forte de distorção, mas estando muito mais orgânica, o que lhe dá uma presença bem mais forte. As passagens completamente electrónicas e industriais estão muito mais ricas em elementos do que antes e melhor ficam quando se mantêm a caminhar lado a lado com a bateria e as guitarras como se faz sentir tão bem no delírio que é “[.Deus.Est.Machina.]”. Também se encaixando particularmente bem desviando-se para mantras orientais que foram toldados, cuidadosamente, para darem uma mística alienígena à composição, como no tema-título.
Em termos de musicalidade, “oltreLuna”, é uma notória evolução em comparação com o registo anterior, no entanto, a qualidade dos dois é irrefutável. Nota-se bem que é a mesma banda mas em momentos diferentes e só o gosto pessoal de cada um pode optar entre a vastidão fria e infinita de “U.M.A.” e a torrente cósmica de “oltreLuna”. Para todos os efeitos, o que temos aqui é uma formidável e intemporal obra de arte.
Review por Tiago Neves