No passado dia 4 de Setembro tivemos o lançamento da terceira manifestação deste duo do Porto, Benthik Zone. Este terceiro e mais longo álbum da banda, vem dar seguimento ao conceito que tinha vindo a ser explorado nos dois primeiros lançamentos, uma interessante história que mistura sci-fi com a ideologia ambientalista dos membros da banda. No entanto, desta vez, com a ajuda das letras (pela primeira vez publicadas) e a descrição escrita no bandcamp deste projeto, podemos perceber com mais exatidão como se desenrola esta odisseia.
Logo de início, podemos notar que a capa do album, concebida por Bragadast, apresenta uma abordagem semelhante à dos dois álbuns anteriores e uma bela representação da história contada pela lírica.
Sonicamente, excluindo as interludes, este álbum é algo como um ponto médio entre o primeiro e segundo lançamentos dos Benthik Zone. Isto sucede-se, pois temos um misto da harmonia e das calmas e melódicas passagens do primeiro capítulo desta saga com o intenso e aterrorizante caos industrial do segundo, assim como uma constante progressão no desenrolar das músicas.
Esta progressão só é conseguida com a ausência de repetições e o completo desprendimento de qualquer noção estrutural e também está refletida no modo como evoluem as durações das faixas (as interludes tornam-se gradualmente mais curtas, em contraste com o aumento da duração das faixas principais ao longo do álbum). Esta “fórmula” de constante progressão pretende também ela ilustrar a ideologia das entidades deste projeto, a ideia de constante metamorfose e de um equilíbrio fluido no cosmos e no Homem. No entanto, da falta de repetições não advêm apenas benefícios pois, enquanto este método dá uma enorme liberdade criativa e de songwriting, também reduz na facilidade de tornar algumas destas faixas memoráveis, não por não terem momentos de proficiência musical, mas porque se torna difícil fixar riffs ou passagens. Apesar disto, todas as 4 faixas principais são, em si, uma diferente viagem que vale a pena testemunhar e a “III – Arquiatunia Hannioza” é sem dúvida umas das músicas mais fortes que este projeto já compôs.
Quanto ao domínio instrumental, este álbum é irreverente. Contamos, mais uma vez, com uma forte proeminência do baixo que é, sem dúvida, um dos elementos essenciais no som dos Benthik Zone, uma enorme variedade de riffs que abrangem um espetro desde os calmos e cósmicos riffs de Atmospheric Black Metal a um vórtex abismal de riffs gelados, geralmente em mid tempo. A prestação vocal neste album está também marcante, extremamente agonizante e diversa e juntamente com a bateria contribuem imenso para os momentos mais tumultuosos deste álbum. Gostaria, no entanto, de ter visto uma maior diversidade presente nas interludes, não obstante de que representam momentos importantes para o desenrolar do conceito lírico.
Para quem é fã de Atmospheric Black Metal e de música experimental, acho que este é um album que vale a pena experienciar. Se tivesse que comparar o som desta banda, eu diria que o mais próximo seria uma mistura de Blut Aus Nord com Leviathan, no entanto tal não faria jus à singularidade deste projeto que é sem dúvida uma das melhores bandas e surgir a nível nacional nos últimos anos.
Nota: 8.6/10
Review por Filipe Mendes
Logo de início, podemos notar que a capa do album, concebida por Bragadast, apresenta uma abordagem semelhante à dos dois álbuns anteriores e uma bela representação da história contada pela lírica.
Sonicamente, excluindo as interludes, este álbum é algo como um ponto médio entre o primeiro e segundo lançamentos dos Benthik Zone. Isto sucede-se, pois temos um misto da harmonia e das calmas e melódicas passagens do primeiro capítulo desta saga com o intenso e aterrorizante caos industrial do segundo, assim como uma constante progressão no desenrolar das músicas.
Esta progressão só é conseguida com a ausência de repetições e o completo desprendimento de qualquer noção estrutural e também está refletida no modo como evoluem as durações das faixas (as interludes tornam-se gradualmente mais curtas, em contraste com o aumento da duração das faixas principais ao longo do álbum). Esta “fórmula” de constante progressão pretende também ela ilustrar a ideologia das entidades deste projeto, a ideia de constante metamorfose e de um equilíbrio fluido no cosmos e no Homem. No entanto, da falta de repetições não advêm apenas benefícios pois, enquanto este método dá uma enorme liberdade criativa e de songwriting, também reduz na facilidade de tornar algumas destas faixas memoráveis, não por não terem momentos de proficiência musical, mas porque se torna difícil fixar riffs ou passagens. Apesar disto, todas as 4 faixas principais são, em si, uma diferente viagem que vale a pena testemunhar e a “III – Arquiatunia Hannioza” é sem dúvida umas das músicas mais fortes que este projeto já compôs.
Quanto ao domínio instrumental, este álbum é irreverente. Contamos, mais uma vez, com uma forte proeminência do baixo que é, sem dúvida, um dos elementos essenciais no som dos Benthik Zone, uma enorme variedade de riffs que abrangem um espetro desde os calmos e cósmicos riffs de Atmospheric Black Metal a um vórtex abismal de riffs gelados, geralmente em mid tempo. A prestação vocal neste album está também marcante, extremamente agonizante e diversa e juntamente com a bateria contribuem imenso para os momentos mais tumultuosos deste álbum. Gostaria, no entanto, de ter visto uma maior diversidade presente nas interludes, não obstante de que representam momentos importantes para o desenrolar do conceito lírico.
Para quem é fã de Atmospheric Black Metal e de música experimental, acho que este é um album que vale a pena experienciar. Se tivesse que comparar o som desta banda, eu diria que o mais próximo seria uma mistura de Blut Aus Nord com Leviathan, no entanto tal não faria jus à singularidade deste projeto que é sem dúvida uma das melhores bandas e surgir a nível nacional nos últimos anos.
Nota: 8.6/10
Review por Filipe Mendes