"Finalmente o novo álbum
dos Akercocke!” disseram inúmeros fãs e apreciadores de música pesada pelo
mundo fora quando souberam, ainda no ano passado, que a banda estava a preparar
o sucessor de “Antichrist”, registo que tem já uns valentes dez aninhos de distância
deste novo álbum, anos esses marcados por uma desfragmentação da banda que se veio a
pensar ser definitiva. Felizmente não foi.
O tema de apresentação, “Inner Sanctum”, já tinha sido apresentado mais de um ano antes de “Renaissance” sair e o mesmo cumpriu na perfeição a função de
aguçar o apetite por nova música do colectivo britânico que, tendo apenas
este pequeno tema como base, prometia trazer ao de cima o lado mais progressivo
dos Akercocke. E quem assim pensou não saiu enganado: “Renaissance In Extremis”
não é apenas o mais progressivo como também o mais ecléctico e diferente
registo da banda.
O disco abre em grande
com “Disappear”, um tema que traz ao de cima malhas como “Verdelet”, que mostra
a banda em todas as suas facetas desde a raiva até às melodias serenas. Demonstra um
dinâmico e contagiante trabalho de guitarra oferecido por Paul Scanlan e Jason
Mendonça que se expande pelo resto do disco em solos belíssimos e riffs
sedutores que fazem com que cada segundo de música seja bem aproveitado. A
esta faixa seguem-se três outros temas fenomenais: “Unbound by Sin”, a densa e
melancólica “Insentience” e o tema mais agressivo do disco “First To Leave The
Funeral”. Só aqui, nesta primeira metade, os Akercocke compensaram os dez anos de
espera, mostrando que não se limitaram a fazer uma sequência do que realizaram no passado
mas que deram um grande passo evolutivo na forma como fazem música e como a encaram.
Daqui para a frente é que
as coisas já não são tão estrondosas. E que não se entenda este comentário como
“a segunda metade é fraca”, longe disso pois, como já foi escrito, este é o
álbum mais singular da carreira da banda. Daí para a frente, abrindo excepção
para o já conhecido e bastante multifacetado “Inner Sanctum”, o álbum é
composto por melodias outonais, no entanto, não é aí que reside a diferença, já que da 5ª faixa para a frente temos uma sequência
de temas que seria errado chamar de “baladas”, mas que suavizam bastante o
resultado final de“Renaissance…”, que é o lançamento mais melodioso produzido pelos Akercocke na sua já longa e muito prestigiada
carreira. A diferença está na forma
como a banda, inteligentemente, conseguiu evoluir a sua sonoridade em todos os
aspectos e até mesmo a nível lírico, vemos especialmente em temas como “One
Chapter Closing For Another To Begin” uns Akercocke mais intimistas do que
antes.
“Renaissance In Extremis” não vai, nem foi feito
para tomar o lugar de obras passadas como “Chorozon” ou “Words That Go
Unspoken, Deeds That Go Undone”, mas foi concebido para ter um lugar próprio na
discografia da banda e outro lugar que há de ocupar pela certa é no topo das
listas de melhor álbum do ano para muita gente.
Review por Tiago Neves