Os britânicos Bush regressaram a Portugal, para aquele que foi o último concerto da digressão europeia de apresentação do mais recente álbum da banda, “Black and White Rainbows”. A primeira parte da noite esteve a cargo dos também britânicos RavenEye.
Os RavenEye estrearam-se no nosso país no passado mês de Maio, aquando da abertura do concerto de Aerosmith. À semelhança dessa data, a banda conquistou o público português e mostrou-se com uma energia bastante contagiante, mesmo tendo acabado de conduzir quase trinta horas desde o último concerto (em Munique) até Lisboa, como os próprios referiram.
No primeiro tema, “Come With Me”, o público já batia palmas. Logo a seguir, em “Hate”, o vocalista e guitarrista Oli Brown já estava nas grades com o público. “Who are you to me?”, cantava Oli em “Hero”, um dos temas mais aplaudidos da noite, a par de “Hey Hey Yeah”. Neste último, o público foi convidado a cantar e, também como no concerto em Maio, Oli subiu às cavalitas do baixista Aaron Spiers e ali ficaram os dois a tocar. A atuação termina com Aaron a cumprimentar algumas pessoas na bancada e Oli novamente nas grades. Uma vez tratar-se do último concerto da digressão, relembraram, entre risos, que estavam em condições de ir tomar uns copos a seguir e convidaram o público a juntar-se a si no fim da noite. Ponto de encontro: banca de merchandising (o certo é que, no fim da noite, não tinham mãos a medir para os fãs!). É razão para dizer que à terceira é de vez: ficamos a esperar por um regresso em nome próprio.
Cinco anos volvidos sobre a última aparição dos Bush em Portugal, é justo dizer que o tempo não parece passar por Gavin Rossdale e companhia. Vieram com um novo álbum na bagagem, “Black and White Rainbows”, mas a atuação dos britânicos concentrou-se essencialmente nos seus temas mais antigos e emblemáticos, mostrando que o espírito do grunge ainda move multidões.
A atuação começou com “Everything Zen”, sendo também o primeiro tema do álbum de estreia da banda, “Sixteen Stone”. Este é um dos trabalhos mais acarinhados dos fãs e felizmente não foi esquecido, uma vez que foi possível desfrutar de seis temas deste registo ao longo da noite. O público ficou imediatamente ao rubro e mostrou que ainda tem as letras na ponta da língua. Seguiram-se “The Chemicals Between Us” e “Prizefighter”, do álbum “The Science Of Things”.
Rossdale refere que é um prazer tocar para nós e que a banda é sempre bem recebida quando vem ao nosso país. “Nurse” surge como o primeiro tema apresentado do recente ”Black and White Rainbows”, álbum que, surpreendentemente, apenas esteve representado mais uma vez nesta noite, em “Peace-S”. “The Sound Of Winter” e “Greedy Fly” foram bastante aplaudidos e contavam-se pelos dedos das mãos as pessoas que ainda se encontravam sentadas nas bancadas. Aqui, Rossdale já fazia uma visita às grades, cumprimentando as pessoas na primeira fila. Em “This Is War”, tema recente da banda e que consta apenas na versão deluxe do novo álbum, o vocalista relembra os tempos de guerra que se vivem (“O mundo está tão louco neste momento, devemos permanecer unidos”). E se há algo que sentimos foi a união entre Rossdale e o público, principalmente naquele que foi o momento da noite…mas já lá vamos!
Em “Let Yourself Go”, o músico canta junto das bancadas, estando perto dos fãs. Logo nos primeiros acordes da faixa “The People That We Love”, o Coliseu enche-se de braços no ar e em “Swallowed”, um dos mais emblemáticos da banda, não deve ter havido uma pessoa que não entoasse, por momentos, a respetiva letra. Em “Alien” e na já mencionada “Peace-S” o público ficou mais sereno, mas “Little Things” veio mudar drasticamente o ambiente, mesmo antes do encore (sim, é este o grande momento): Rossdale entra pela plateia adentro e percorre as bancadas do Coliseu de uma ponta à outra, cumprimentando e interagindo com os fãs. Antes de retomar o espetáculo, Rossdale aproveita o facto de estar no último concerto da digressão e convida todos os membros da equipa a juntarem-se ao palco, agradecendo por todo o apoio.
A banda regressa com a aclamada “Machinehead”, a cover “The One I Love” (dos R.E.M.), o tema mais pedido da noite, “Glycerine” (que teve um momento a capella) e termina com “Comedown”. Rossdale despediu-se com a bandeira de Portugal às costas, onde se podia ler “Bush”, uma nome que esperamos (re)ver em breve nos palcos portugueses.
Texto por Sara Delgado
Fotografias por Hugo Rebelo
Agradecimentos: Everything Is New