Os Alter Bridge regressaram aos
palcos portugueses quatro anos após o último concerto por cá – também no
Coliseu de Lisboa. Encheram a sala e fizeram o público suar do início ao fim da
noite. A primeira parte do espetáculo esteve a cargo dos As Lions, cujo
vocalista, Austin Dickinson, é nada mais nada menos do que filho do veterano
Bruce Dickinson, dos Iron Maiden.
Os As Lions vêm de Londres e
contam com dois anos de existência, embora parte do grupo já tenha estado associado
a um outro nome, Rise To Remain. Há quem considere que Austin Dickinson não tem
uma tarefa fácil quando carrega aos ombros o peso de ser filho de um músico mais
que emblemático no mundo do Metal. Mas filiações à parte, Austin e os restantes
membros da banda provaram o porquê dos As Lions serem convidados para acompanhar
os Alter Bridge nesta tour. Para além dos riffs e energia contagiantes,
trouxeram um carisma inegável que imediatamente cativou o público. Destacaram-se
os temas “Aftermath”, “The Fall” e “World On Fire”. Neste último, Austin pediu
que as luzes do Coliseu se apagassem e que fosse o público a iluminar o espaço,
o que provocou um ambiente bastante caloroso. Mesmo na reta final, Austin ainda
provocou alguns risos, ao fazer uma voz que se assemelhava a um desenho
animado. A dada altura, o vocalista referiu que era um prazer estar naquele
palco e que tinha como principal objetivo criar “memórias felizes” nesta noite.
Da nossa parte, foi precisamente o que aconteceu.
Mas as memórias felizes não se
ficaram apenas pela atuação da banda londrina. Os Alter Bridge entraram em
palco com “The Other Side”, tema do último álbum da banda, “The Last Hero”,
contemplado pela primeira vez em terras lusas. Torna-se mais fácil deixar desde
já bem claro que, ao longo de toda a atuação, foram raras (quase inexistentes)
as vezes em que o público não tinha os braços no ar, não estava a bater palmas
ou não estava a cantar em plenos pulmões. Foi uma participação ativa digna de
registo que, aliás, Myles Kennedy comentou várias vezes ao longo de uma atuação
que durou quase duas horas.
Se for mesmo necessário destacar os temas que
provocaram mais agitação no Coliseu, podemos enumerar alguns: “Come To Life”, “Addicted
To Pain”, “Cry Of Achilles”, “Ties That Bind”, “Watch Over You” e “In Loving
Memory (estes dois últimos, num grande momento intimista com o vocalista), “Blackbird”, “Isolation”
e a mítica “Open Your Eyes” (que chegou a ser cantada junto da bancada). Mas
quase que dá vontade de voltar atrás e acrescenter mais uns quantos. E se
calhar é mesmo isso que vai acontecer.
“Waters Rising” mostrou-nos que o guitarrista
Mark Tremonti pode continuar a assumir os vocais em mais temas dos Alter Bridge
(os dotes como vocalista já lhe eram conhecidos nos Creed e no seu projeto
Tremonti), pois não ficou nada atrás de Myles Kennedy. Em “Metalingus”, parte
do público decide abandonar as palmas por instantes e aventura-se no mosh,
momentos depois do vocalista pedir para se baixarem no recinto, lembrando os
Slipknot. E se dúvidas houvesse de que o público português estava mais do que
determinado em terminar a tour dos Alter Bridge em grande, a banda decide tocar
o tema “Words Darker Than Their Wings”, que anteriormente só tinha sido
contemplado em dois concertos dos norte-americanos.
Aproximando-nos do fim,
a banda foi distribuindo palhetas massivamente entre os presentes, como que a
agradecer uma noite memorável. “Não sei se há algo melhor do que isto”, comentou
Myles Kennedy num dado momento. Pelos sorrisos colhidos da plateia, poucas
coisas haverá.
Texto por Sara Delgado
Fotografias por João Moura
Fotografias por João Moura
Agradecimentos: Prime Artists