E heis que, passados 3 anos, voltamos a ter Sepultura em terras Lusitanas. Desta vez no norte, finalmente (apesar do Derrick não parecer ter a certeza)! É sempre uma vitória para o público de metal do país e para a descentralização quando uma banda com apenas uma data em Portugal escolhe o norte do país para o concerto (ainda que “à boleia” do Resurrection, mas isso são outros quinhentos). Desta vez com álbum novo na manga, “Machine Messiah”, o seu 14º full lenght, fizeram-se acompanhar dos Equaleft, banda “da casa” que ficou encarregue de abrir as hostes, como já o tinham feito há cerca de um ano com Gojira, desta vez também eles com novidades para os fãs.

Para além da proficiência musical, os Equaleft continuam a demonstrar uma grande energia e presença em palco, com constante interação com o público, puxando pelos níveis de adrenalina, “aquecendo o terreno” para a banda seguinte. Se a priori seria discutível se seriam a banda mais adequada para abrir este evento (pela distância estilística da sua música à da banda principal, ao contrário do que aconteceu com Gojira), é inegável que souberam estar à altura daquilo que o evento merecia e que, com apenas meia hora de concerto, conseguiram instalar na plateia o mindset que se exige num concerto de gigantes do Thrash, como são os Sepultura.
Escusado será dizer que após o concerto houve direito a snacks, neste caso aos inevitáveis húngaros, oferecidos, como habitual, pelos membros da banda ao seu público. Estava na altura de uma pausa para recarregar energias, beber uma fresquinha, e preparar para a avalanche que se avizinhava.
E que avalanche que foi!

Seguiu-se uma sequência de músicas já da fase pós-Max, onde tocaram, para além do trabalho mais recente, temas do “Kairos” e do “Against”, tendo-me surpreendido particularmente a interpretação ao vivo de “Iceberg Dances”, do “Machine Messiah”, uma faixa instrumental, com direito a guitarra acústica, que, com as ocasionais exepcções, não faz parte da setlist mais habitual da banda. A partir daqui foi todo um vendaval de Thrash e tribaladas à la Sepultura old school, revisitando boa parte dos clássicos que (re)definiram a banda, o metal no brasil e no mundo inteiro. Passamos pelo “Chaos A.D” com “Biotech is Godzilla” (com, pelo meio, espaço para o cover da “Polícia” dos seus conterrâneos Titãs), “Territory” e “Refuse/Resist”, ainda demos um salto ao mítico “Arise”, com o tema de mesmo título (provavelmente o maior mosh da noite), antes de uma pequena pausa, para dar oportunidade ao público de respirar e pedir o encore.
Encore esse que começou com o single “Sepultura Under My Skin” e que culminou nas músicas mais marcantes do álbum mais influente. De “Roots” tocaram a “Ratamahatta” e, após uma falha de orientação do vocalista Derrick Green que, com toda a vontade, gritou “Lisboa!” (desculpou-se imediatamente com o melhor humor possível, mas não se livrou de uma bela de uma assobiadela), o fecho ficou a cargo de, pois claro, “Roots Bloody Roots”, com uma envolvência tremenda por parte do público que gritou e saltou ao ritmo da música que revolucionou o metal como se fosse 1996.
Já passaram mais de 20 anos mas, durante mais de hora e meia, não se notou nadinha.
Texto por Jordi Lopes
Fotografias por Ana Costa
Agradecimentos: Prime Artists