Não é como se o nome do evento deixasse margem para dúvidas, e no passado dia 16 de Junho tivemos o prazer de estar presentes numa segunda edição do FLUL Of Hell, numa noite em que se reuniram outras tantas bandas de peso no Bar Novo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). Depois da primeira convocatória a 24 de Março, ficámos a conhecer uma organização que se dedica sobretudo a representar o corpo estudantil em todas as suas vertentes, como tão bem podemos ler na sua página, uma vez que algumas delas são recorrentemente deixadas de parte. Como ex-estudante da casa, ainda que noutra faculdade da UL, posso dizer que eventos destes e iniciativas como esta são de extrema importância. De regresso à escola, esta versão 2.0 da coisa trouxe-nos então um cartaz que contava com Titan Shift, Toxikull, Röadscüm, Prayers Of Sanity e Primal Attack, e os amantes das sonoridades mais pesadas não deixaram escapar mais uma oportunidade de se insurgir.
Podemos dizer
que para uma festa de faculdade numa sexta-feira à noite a coisa esteve a meio
gás, mas para quem lá esteve demonstrou-se ser mais um daqueles eventos que
continuam a justificar cada pedacinho de tempo e esforço que se dedica ao
underground. Poucos mas bons, quem esteve foi por amor à camisola e olhem que
bem custou mantê-la no corpo, tendo em conta que mais parecia que estávamos numa
noite de Agosto.
Mesmo tendo
criado este projecto em Abril deste ano, os Titan Shift tocaram para um grupo
onde já se podia incluir quem já os conhecesse e seguisse, o que revelou à
partida que aquela seria uma noite de amigos. Ainda sem material lançado,
apresentam-se competentes e revelam uma atitude carregada de potencial e
vontade de fazer. Para além de temas originais, tocaram algumas covers de Lamb Of God, o que nos diz
logo à partida bastante sobre as suas influências. A participação de um amigo
presente, em dueto com o vocalista, trouxe uma dinâmica interessante à situação,
demostrando uma vez mais o potencial deste grupo em início de percurso.
Os Toxikull já
dispensam apresentações e mais uma vez entregaram um thrash/heavy metal puxado e a tresandar oldschool (não literalmente), que se demonstrou mais do que
suficiente para pôr os presentes a mexer. Neste momento em tour com o seu “Black Sheep”, foi
sem grande demora que contagiaram toda a gente com a sua tough attitude, o movimento dos elementos da banda entre o público
e a partilha de momentos chave com todos os presentes. O duo dinâmico de vozes, entre o
vocalista Lex Thunder e o baixista Antim “The Viking”, torna tudo mais
apelativo e traz uma faceta inovadora relativamente ao que se poderia esperar
de uma banda do género.
Como o que todos
queremos é que o apocalipse se faça ao som de um metalpunk caótico e desordeiro, a terceira banda a atuar foram os
já repetentes Roädscüm. Desengane-se quem pensa que “uma vez visto, tudo visto”
porque há bandas que nos provam exactamente o contrário e esta é uma delas.
Coincidente com o título da tape que lançaram no final de 2015, o seu lema “Full
Speed Ahead” não nos deixa grande margem para dúvidas e é com temas desse mesmo
trabalho, entre tantos outros, que nos têm feito muito felizes. Potência e atitude promovem aqueles
encostos quasi-amorosos entre os elementos do público, e como se isso não
bastasse os rapazes ainda dançam connosco. Resumindo, não nos deixaram de todo
descuidar o aquecimento para o que lá vinha.
Embora
estivesse previsto serem a última banda a actuar, os Primal Attack viram-se
obrigados a ocupar o penúltimo slot e
falhar-vos-ia se não dissesse que esta banda está mais segura e irrepreensível
a cada atuação que temos oportunidade de assistir. Foi com o lançamento do seu
mais recente trabalho “Heartless Oppressor” no ano passado, que demonstraram um
maior à vontade com a sua sonoridade e ao mesmo tempo o desejo de explorar
outros espectros de influências da banda, desde o hardcore até tonalidades mais
progressivas. É nas atuações ao vivo que voltamos a encontrar estes factores em
todos os elementos da banda, sem excepções, o que contribui também para a
construção de um fiel grupo de fãs que os segue para onde quer que se
desloquem. Mesmo com o tempo de concerto encurtado, por alguns atrasos que se
vinham a sentir desde o início da noite, em nada nos desfalcou a atuação e
entrega destes senhores. Numa sala já a ferver com as atuações das bandas
anteriores, literal e metaforicamente, manteve-se o ambiente descontraído e foi
com aquela atitude sempre positiva e simpática que (quase) terminámos a noite,
ao som de temas como “Strike Back” e “Heart And Bones.”
Para fechar a coisa
em grande e contribuírem para mais uma noite de destruição na capital, chegaram
do sul os Prayers of Sanity. Três foi a conta que alguém fez, costuma dizer-se,
e neste caso a coisa assenta que nem uma luva ao grupo constituído por Artur,
Carlos e Tião. Em representação do nosso anterior “poucos mas bons”, foi o
quanto bastou para se continuar o baile no Bar Novo da FLUL. Vieram relembrar a
todos do que é feito o thrash metal
português e mesmo com as cedências devido ao avançar da hora, ainda sobraram
resistentes para desarrumar o que sobrou. Como podem adivinhar, não só pela
banda como pela hora, foi um momento sobretudo de boa energia, muita cerveja e mais
festa.
A continuação ainda se fez ao som de discos pedidos e por isso mesmo não conseguimos (nem quisemos) fugir aos grandes clássicos, e a avaliar pelos que resistiram garanto-vos que foi queimar cartuchos até o sol de sábado raiar.
Texto por Andreia Teixeira
Agradecimentos: Organização
A continuação ainda se fez ao som de discos pedidos e por isso mesmo não conseguimos (nem quisemos) fugir aos grandes clássicos, e a avaliar pelos que resistiram garanto-vos que foi queimar cartuchos até o sol de sábado raiar.
Texto por Andreia Teixeira
Agradecimentos: Organização