Esta foi uma noite de estreias e, certamente, aguardada por muitos. Os alemães Pink Turns Blue estrearam-se em Portugal, depois de mais de três décadas de existência e muitos lançamentos no processo. O evento começou com os portugueses She Pleasures Herself, que também fizeram a sua primeira aparição ao vivo.
Os She Pleasures Herself são um projeto recente, formado em 2016, embora conte com caras conhecidas do movimento post-punk/darkwave no nosso país. A banda é composta por David Wolf (Uni_Form/When The Angels Breathe/Sweet Nico), que tem a cargo a produção, guitarra e sintetizadores; Nuno Francisco (Uni_Form/Alma Mater Society) na bateria e programação; Nuno Varudo (Persona Project/The Paper Road) nos vocais e baixo; e Letícia Contreiras, nos sintetizadores (o mais recente membro). Vieram apresentar o seu álbum de estreia, “Fetish”, sendo esta a primeira data da tour europeia de promoção ao álbum (que, até ao momento, conta com cinco confirmações no nosso país, bem como datas na Holanda, Bélgica, Espanha e Grécia). Sendo um projeto tão recente, é de louvar.
A atuação começa com David Wolf, a performer Titz Vagabond e…uma corrente ao pescoço. Os mais atentos já presumiam que os She Pleasures Herself iam trazer uma carga erótica à sala, mas ainda assim conseguiram surpreender. Foram ao ínfimo pormenor – desde as roupas dos membros da banda, à presença de Titz Vagabond, passando também pelos vídeos da banda em tela de fundo, que promoveram um ambiente verdadeiramente excitante à nossa audição e visão. Percorreram o álbum quase todo na íntegra, incluindo a esperada (porém, excelente) cover dos Red Zebra, “I Can’t Live In A Living Room”, e tivemos direito a um novo tema, “Visions”. Sim, o público esteve ao rubro. Sim, por vezes ficou boquiaberto (destaque para a prestação da performer da noite no tema “Dance With Her” – à medida que íamos dançando consigo (metaforicamente, claro), as suas roupas iam desaparecendo. Os She Pleasures Herself não deram apenas um concerto – deram espetáculo. Excelente produção.
Foi a vez dos Pink Turns Blue pisarem o palco, e passarmos a uma sonoridade mais tradicional dentro do post-punk. Porque é que esta banda nunca tinha vindo ao nosso país? Não sabemos. Mas é certo que foi possível experienciar uma certa melancolia típica desta sonoridade, e tão bem promovida por outras bandas de culto, como os Joy Division e Bauhaus. Contudo, aqui não houve lugar a danças frenéticas ao estilo de Ian Curtis. Pelo contrário, Mic Jogwer, Ruebi Walter e Paul Ritcher entram em palco com uma postura hirta (culpa da tradição germânica?), mas contentora: contiveram os nossos sentires ao longo de uma longa setlist, onde se destacaram temas como “Walking On Both Sides”, “After All”, “Missing You”, “Tomorrow Never Comes” e “Your Master Is Calling”. Também é de destacar a excelente voz de Mic, mesmo após tantos anos de atuações. Quanto tempo mais teremos de esperar por uma nova passagem da banda por terras lusas? Esperemos que regressem em breve.
Texto por Sara Delgado
Agradecimentos: A Comissão