Há bandas que realmente levam uma pessoa a questionar-se como é que não conseguem ter a relevância que lhes é merecida, mesmo dentro deste espectro sonoro. Sim, a resposta todos conhecemos: “ai e tal, as editoras e os meios de comunicação devem ser um meio muito fechado sobre si mesmo e por aí…” mas quando se leva com a qualidade de uma banda como Persefone, é inevitável uma pessoa não pensar porque é que ainda não atingiram uma certa visibilidade, mesmo vindo de um país que não tem muito a ver com Metal como é o caso da Andorra.
Mas coloquemos de lado estas interrogações filosóficas e foquemo-nos no que realmente importa aqui e que faz o coração bombear o sangue com ainda mais vigor: a música.
Já foi dado a entender que é boa e sim, os Persefone têm virtuosismo às pazadas e tal já não é novidade, visto que desde o início da sua carreira que a banda de Andorra tem demonstrado o seu potencial, tendo o mesmo maturado em discos como “Shin-Ken” e o anterior “Spiritual Migration” e, na verdade, este novo “Aathma” não vai apresentar nenhuma faceta que já não se conhecesse dos andorrenses, aliás, o cânone é o que tem sido escutado desde 2006, em “Core”: um equilíbrio muito bem conseguido entre melodias vibrantes com o músculo e a intensidade de um death metal melódico, inundado nas paisagens sonoras surrealistas dos teclados e liderado por um tornado incessante de riffs.
A sonoridade dos Persefone está neste registo calibrada para uma abordagem mais directa e agressiva, havendo até uma predominância muito maior da voz berrada sobre a cantada, aproximando “Aathma” de “Shin-ken” e não tanto do seu antecessor. Pode-se assegurar qualidade em todos os temas, no entanto deixa-se o destaque para o quarteto de faixas com o mesmo título do disco quase no final da obra que demonstra exactamente duas das principais qualidades dos Persefone e deste álbum: coesão e brilhantismo.
Os Persefone têm a sua identidade bem definida e quando conseguem moldar a sua sonoridade da forma como têm feito, oferecendo-nos discos soberbos e entusiasmantes, mostram-se autênticos mestres na sua arte.
Nota: 8.9/10
Review por Tiago Neves