«In
Eminent Disgrace» marca a estreia e o final dos minhotos Goldenpyre.
Estranho? Nem tanto assim, para quem conhece o percurso deste
quinteto, desde cedo ligado ao festival SWR, local escolhido para
encerrarem a carreira este fim-de-semana. Venham descobrir tudo com a
Metal imperium, numa conversa com o guitarrista Ricardo Coutinho.
M.I. - Goldenpyre
estão a lançar um disco e a anunciar a presença nos XX anos do
SWR. O que se passou na última década?
Este
disco que saiu agora, começou a ser gravado em 2007. Entre esse ano
e até 2009, nós gravamos a maior parte do álbum, basicamente todo.
Até regravámos parte dos temas, pois durante o processo de
gravação, tivemos um disco de computador danificado e perdemos
parte dos temas. A partir daí, foi a questão de pós-produção do
disco, e o estúdio era quase a nossa sala de ensaios, pelo que
ensaiávamos e mudávamos coisas, o que estava a tornar a gravação
num processo longo. Isto tudo até que tivemos a infelicidade do
Jarder, nosso vocalista na época, falecer. Isso colocou a banda em
suspenso, as coisas foram-se arrastando e a banda foi-se dissolvendo
com o tempo. O ponto final não foi uma decisão que tomámos, mas
algo que foi acontecendo. Tínhamos ficado com uma dívida de acabar
este disco e quando nos sentimos preparados para retomar, foi o que
fizemos, quando sentimos, em finais de 2016, que estávamos prontos.
O concerto é para marcar esse lançamento e apenas isso.
M.I. - Apesar
de ser uma banda com personalidade própria, Goldenpyre esteve sempre
muito ligado ao SWR, e estes vinte anos do festival impunham a vossa
presença, não?
Foi
uma feliz coincidência, na realidade. Não preparámos tudo a pensar
que iam celebrar-se os vinte anos. Quanto à ligação, naturalmente
que Goldenpyre está ligado a Barroselas e o festival ligado à
banda, mais não seja porque temos na formação o Ricardo e Tiago
Veiga, que são os mentores de todo o festival desde a sua génese.
Todos os elementos já passaram, de forma mais ou menos activa, pela
organização e preparação do festival, mas falamos de entidades
separadas, obviamente.
M.I. - Curiosamente,
ao fim de uma década, vão recuperar o vocalista anterior, o Freddy,
muito querido pelos fãs do grupo e que tinha saído pouco antes do
início das gravações.
Sim,
creio que saiu em 2007 ou 2008, o último concerto dele estava para
ser num festival em Grândola, não se tendo concretizado. Não me
recordo o ano exacto e foi esse festival o ponto de viragem, tendo
pouco depois começado a trabalhar com o Jarder.
M.I. - O
Jarder e a sua geração, fazem parte de uma geração que foi
bastante influenciada por Goldenpyre e SWR, quase como uma escola.
Influenciaram bastantes bandas da zona mesmo, não no sentido de
estilo, mas de abordar o Metal.
Se
as bandas foram directamente influencidas, não sei, mas concordo com
isso da escola Goldenpyre na região, não como sonoridade, mas na
forma de como estruturar e conduzir uma banda, perceberem a
regularidade de ensaios, movimentar-se no meio para agendar
concertos. Mesmo a rodagem ao vivo, para se tornarem melhores como
músicos e banda. Nesse aspecto sim, podiam olhar para nós, que
fomos completamente autodidactas e fomos crescendo enquanto músicos
à custa da experiência e muito trabalho e empenho. Essa geração
que referes, pôde ir vendo e percebendo que é possível chegar lá.
Os que estavam próximos de nós, foram-se apercebendo disso.
M.I. - Muitos
já não se recordarão, mas apesar do pouco material gravado,
fizeram digressões europeias. Recordo mesmo terem estado na Polónia,
e se não fizeram mais, se calhar foi porque as condições há uma
década eram bem diferentes.
Sim,
e fazíamos isso de forma bastante regular. Não me recordo de quando
fizemos a primeira mini-tour europeia, mas a partir daí fizemos algo
parecido todos os anos, penso que a partir de 2003, até 2007 fomos
bastante regulares. O facto do Ricardo e o Tiago serem organizadores
de concertos, ajudou a que criassem sinergias à volta deles e é
preponderante nos contactos como em Barroselas, em que numa vila
minhota surge um festival como o SWR, que é mesmo uma referência
europeia. Depois recriavam isso com a própria banda, criando
intercâmbio de concertos, e criaram um circuito com coisas a
acontecer regularmente.
M.I. - Em
tudo isso, talvez o calcanhar de Aquiles tenha sido mesmo a falta de
edições, embora na época não fosse assim tão fácil.
Sim,
mas como tocávamos com muita frequência, depois não tínhamos
tempo para estar na sala de ensaios a preparar os álbuns. É por
isso que em tantos anos de actividade este é o nosso primeiro
longa-duração!
Entrevista por Emanuel
Ferreira