Os norte-americanos Black Anvil voltam a descer até nós. Há, em As Was, toda uma reviravolta de obscuridades e sentimentos que qualquer homenagem a Satanás é a mais pura das intenções. São tão poderosos e intimistas os tons negros e cinza que vagueiam por entre as malhas deste álbum, melodicamente intenso e encruzilhado. Do carvão se fez diamante.
Interessante é também a sensação contínua de estarmos a ouvir um álbum puro e duro de Black Metal, muito por “culpa” das vocalizações enraizadas e genuínas de Paul Delaney. Uma vez mais a realidade é contraditória aos desejos do nosso cérebro. Em As Was respira-se lufadas fortes de “Misc Metal”, desculpem-me o Francês mas a realidade é que tudo está presente neste álbum.
Destaco todo o poderio instrumental aqui presente. Muito bem tocado, produzido e concebido.
Poderá ser o disco mais “light” com que os Black Anvil nos presentearam até agora, mas é certamente o mais forte de carácter progressivo, emotivo e melódico. May Her Wrath Be Just é prova disso mesmo, quais jardins suspensos da Babilónia. Quase que nos apetece relembrar o saudoso Peter Steele, há qualquer coisa dele por entre estas nebulosas melodias.
On Forgotten Ways, As Was, Two Keys:Here's the Lock e a, fabulosa, malha final Ultra fazem de As Was uma experiência única de originalidade. Certamente um dos álbuns mais sui generis que podemos, e devemos, ouvir.
Nota: 7.8/10
Review por Ricardo Gonçalves