Os britânicos Asking Alexandria
já contam com quase uma década de existência. Porém, foi apenas este ano que se
estrearam em Portugal, no passado dia 4 de Março, na sala Lisboa ao Vivo. A
procura foi imensa e os bilhetes esgotaram um mês antes do evento! A primeira
parte da noite esteve a cargo dos norte-americanos The Word Alive e dos
britânicos Silent Screams. Foi uma noite dedicada à sonoridade metalcore.
Antes da hora estipulada para a
abertura de portas, a fila para entrar no Lisboa ao Vivo já dava a volta ao
quarteirão. Com lotação esgotada, era natural que se esperasse uma casa cheia,
e assim foi. O público era maioritariamente jovem, e energia não lhes faltou do
início ao fim da noite.
Quando os Silent Screams pisaram
o palco ainda havia fãs lá fora, à espera de entrar na sala. O quinteto chegou
cheio de força e o público acompanhou. No segundo tema, “Desperation”, já se
fazia crowdsurf, e observavam-se grupos de amigos a dividir-se temporariamente:
“Quem quer ir para o moche? Quem não quer, fica aqui atrás!”, ouviu-se algumas
vezes. Em “The Way We Were”, o vocalista Joel Heywood considerou que o crowdsurf
não devia ser exclusivo dos fãs, e atirou-se para cima do público, que vibrou
com a atitude do músico. A atuação dos Silent Screams, com duração de meia
hora, terminou com o seu mais recente single, “Love//Less”, no qual a banda
pediu um circle pit.
O público estava ao rubro e nem o
intervalo para a entrada da segunda banda acalmou os ânimos. Como música de
fundo, pôde-se ouvir “Comboys From Hell” e “Walk”, dos Pantera, e o público
sabia as letras de cor, cantando em uníssono. A noite prometia.
De seguida, surgem os The Word
Alive. Foi notório que a sua estreia em terras lusas era esperada por muitos, à
semelhança dos cabeças-de-cartaz da noite. O vocalista Telle Smith referiu
estar feliz por atuar em Portugal, e que esperam regressar em breve. Em “Made This Way”, qualquer pessoa que entrasse
naquela sala ia pensar que os The Word Alive atuavam em nome próprio. Viam-se
poucos pés no chão! A banda também aproveitou para tocar um tema novo, “Misery”,
que viria a ser conhecido do grande público apenas cinco dias após aquela data,
referiu o vocalista. Terminado este tema, e devido à grande aderência por parte
dos fãs, o músico refere, espantado e entre risos: “vocês não conheciam mesmo esta
música?”. Porém, terá sido “Life Cycles” o tema mais aplaudido dos
norte-americanos. Poucos foram os que não gritaram “I'd rather die..!”. Ficaremos a
aguardar pelo regresso em breve, conforme prometido.
Surge o último intervalo da
noite, antes de entrar a banda mais aguardada. Aqui, já não se ouviram temas
dos Pantera. Talvez pelo facto de o público ser bastante jovem, a organização
apostou em colocar música ambiente um pouco mais…generalista. Entre Lady Gaga,
Eminem e Carly Era Jepsen, foi uma miscelânea de temas que nada tinham a ver
com música metal. Se metade da sala ficou perplexa e um pouco entediada, a
outra metade divertia-se a dançar.
Os Asking Alexandria entram em
palco e o ambiente volta-se novamente para o metalcore. De referir que a banda
voltou a contar recentemente com o seu vocalista original, Danny Warsnop
(co-fundador da banda), depois de um pequeno interregno que foi preenchido pelo
vocalista Denis Stoff, entre 2015 e 2016. Este foi um período suficiente para a
banda lançar um novo álbum, “The Black”, o único com Denis nos vocais. Contudo,
a atual tour europeia dos Asking Alexandria não contempla um único tema deste
álbum mais recente. Comparar as vozes dos dois vocalistas era inevitável, e o
regresso de Danny pareceu agradar à maioria, que gritou o seu nome vezes sem
conta (voltando um pouco atrás, ainda na fila para entrar no Lisboa Ao Vivo,
ouviram-se comentários como “Só estou aqui porque o Danny voltou” ou “o último álbum
não soa nada a Asking Alexandria”). Se o tempo real de atuação dos britânicos
foi aproximadamente 50 minutos, o concerto durou mais porque contemplou piadas
do início ao fim, principalmente entre o vocalista Danny e o guitarrista Ben Bruce
(também co-fundador da banda), que se mostraram bastante cúmplices e que proporcionaram largos risos entre a plateia. Com uma setlist comum às restantes datas
europeias, Danny surpreendeu e, num dos seus momentos de humor, cantou um excerto de “Like A
Virgin”, de Madonna. Os temas mais aplaudidos da noite foram “Dear Insanity” e “To
The Stage”, ambos do álbum “Reckless and Relentless”. Depois desta noite, com
lotação esgotada e tantos aplausos, certamente que os britânicos Asking
Alexandria não vão esperar mais uma década por um regresso ao nosso país.
Texto por Sara Delgado
Fotografia por Ana Julia Sanches
Agradecimentos: Prime Artists