Esta era uma noite aguardada já há muito tempo por fãs de symphonic metal. Para além dos Nightwish terem estado fora dos palcos portugueses durante quase uma década, foi também a primeira vez que a banda se apresentou por cá com Floor Jansen como vocalista. E as expetativas não foram defraudadas.
A primeira parte do
evento esteve a cargo dos nacionais Kandia. Apesar de não nos ter sido possível
assistir ao seu concerto na íntegra, foi notório que o público estava a
corresponder ao som dos portugueses, muito embora o mesmo nem sempre tenha
estado perfeito em alguns momentos. A setlist baseou-se quase na totalidade no
último álbum da banda, “All Is Gone”, lançado em 2013. A vocalista Nya Cruz mostrou-se
bastante comunicativa e, infelizmente, quando o ambiente se começava a
estabelecer, foi necessário terminar a atuação (como acaba por ser apanágio de
uma banda de abertura). Cumpriram claramente com o que era desejado, isto é,
abrir o apetite para o concerto que se avizinhava.
Nesta altura, o Coliseu
de Lisboa já estava completamente a transbordar. A julgar pela idade (e, de
alguma forma, pela euforia), certamente que havia por lá muitos estreantes que
aguardavam pelo seu primeiro concerto dos finlandeses. Por outro lado, nas
gerações mais antigas, também se ouviam comentários de quem decidiu vir experimentar
um género musical diferente daqueles com os quais estão mais familiarizados.
Quando Floor Jansen
entrou em palco, juntamente com os restantes membros da banda, e se ouviu “Roll
Tide”, de Hans Zimmer, a magia começou. Ao longo de duas horas, foi possível assistir
a um espetáculo que, muitas vezes, lembrou uma história de encantar. As luzes
e, principalmente, os vídeos que iam passando por detrás dos músicos ajudaram a
criar um ambiente perfeito, que iam acompanhando as letras que
Floor ia entoando. A banda começou com “Shudder Before The Beautiful”, do seu
último lançamento, “Endless Forms Most Beautiful”. Este foi o primeiro álbum
a contar com Floor nos vocais, mas não se julgue que os temas deste
trabalho foram os únicos que assentaram na voz da vocalista. Floor provou que
foi uma escolha bastante acertada, não só pela sua presença em palco e pelo seu
carisma, mas também pela beleza e segurança na sua voz. Assim se verificou em
temas antigos como “Nemo”, “The Siren”, “Sleeping Sun” ou “Ghost Love Score”. Já
em “I Want My Tears Back”, o público ecoou as letras em uníssono e o entusiasmo
foi tanto que o chão estremeceu, literalmente.
O fim do concerto veio
com “The Greatest Show on Earth” e, esse sim, foi algo morno. Ficou a sensação
de faltar algo para se acabar em grande. Fãs mais antigos da banda diriam que o
tema “Wish I Had An Angel” teria encaixado que nem uma luva, dado que era dessa
forma que a grande maioria dos concertos terminava anteriormente (como
aconteceu na última aparição da banda em Portugal, em 2008). Também um dos temas mais
apresentados ao vivo pela banda, e um dos mais emblemáticos, “Dark Chest Of
Wonders”, não foi contemplado nesta noite.
Ainda assim, foi um espetáculo
memorável e certamente que Floor conquistou novos fãs por terras lusas. Esperemos
que o regresso ocorra em breve.
Texto por Sara Delgado
Fotografias por Igor Ferreira
Agradecimentos: Prime Artists