Nos últimos tempos temos vindo a assistir a um boom bastante interessante de bandas com voz feminina no espectro do doom stoner metal. Temos os casos de Royal Thunder, Helms Alee, Avatarium e estes Kylesa, aqui com o seu sexto disco. Logo aí e ao contrário dos nomes antes referidos, estes não surgiram propriamente ontem.
Daí que "Exhausting Fire" se revele como um disco bem maturo e talvez o álbum definitivo deste colectivo, isto para não falar da enorme diversidade que o compõe. O que é notável, tendo em conta que falamos de um subgénero muitas vezes acusado de excesso de monotonia.
No fundo "Exhausting fire" acaba por ser uma mistura dos dois discos anteriores, "Ultraviolet" e "Spiral Shadow", ou seja uma mescla entre peso e atmosfera, por vezes na mesma composição até ("Lost and Confused" é disso excelente exemplo). Um contraste primordial para que este disco consiga ser tão impactante, especialmente quando falamos dos riffs, pois se por um lado levamos um soco no estômago como em "Inward Debate" ou o inicial "Crusher", por outro estes conseguem também assumir um sentimento mais hipnótico e psicadélico como em "Night Drive" ou "Growing Roots".
Mas nem sempre "Exhausting Fire" gira em torno de riffs. Por exemplo em "Falling" conseguimos encontrar uma envolvente e introspectiva composição, acente na melodia vocal de Laura Pleasants, realçando ainda mais o lado mais atmosférico, e porque não dizê-lo belo, deste coletivo.
Com efeito, o outro grande atributo dos Kylesa acaba mesmo por ser a junção da voz de Laura Pleasants com a multitude de registos de Phillip Cope, destacando-se uma vez mais não só "Lost and Confused", mas também "Moving Day" onde a voz do vocalista é brilhantemente entrelaçada com o registo etéreo e envolvente de Pleasants, numa ambiência quase volátil.
Atributos que fizeram de "Exhausting Fire" um dos grandes discos do ano passado, e um dos mais interessantes neste subgénero. Naturalmente que as influências são mais do que óbvias, mas o coletivo nem sequer faz disso segredo, ao presentear-nos com a cover de "Paranoid" dos Black Sabbath, numa versão aínda mais trippy do que o original. "Exhausting Fire" é um disco de metal com alma de rock psicadélico e que vale a pena ser escutado por qualquer fã de um destes géneros.
Nota: 8.8/10
Review por António Salazar Antunes