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Reportagem: Symphony X, Myrath, Melted Space @ Paradise Garage, Lisboa - 28/02/2016


O regresso dos Symphony X ao nosso país é sempre um evento, principalmente quando a banda não nos presencia tantas vezes quanto seria desejável com a sua presença. Essa expectativa ainda é acrescida quando a qualidade dos seus álbuns é sempre bastante elevada e o último, "Underworld", o motivo desta digressão, não foi excepção. A banda norte-americana rodeou-se de muito boa companhia para esta viagem, com os Myraht e os Melted Space e foram precisamente estes últimos a subir primeiro ao palco e quase que o lugar não chegava para albergar a banda por inteiro. É certo que o último álbum da banda francesa, "The Great Lie" lançado no final de 2015, teve um rol de participações intermináveis, que foram desde David Vincent (ex-Morbid Angel), passando por Kobi Farhi (Orphaned Land), Niklas Kvarforth (Shining), Mikael Stanne (Dark Tranquility), Attila Csihar (Mayhem) até Arjen Lucassen (Ayreon), no entanto não seria expectável que tal trupe subisse ao palco do Paradise Garage. Ainda assim, tiveram em palco quatro vocalistas que se ia revesando, nas músicas que interpretaram.

Instrumentalmente com uma qualidade muito acima da média, em termos vocais, a qualidade também esteve presente, embora um dos vocalistas masculinos, do qual infelizmente não sabemos a identidade, desafinava olimpicamente de vez em quando. Um projecto interessante e que embora fosse desconhecido para o público português, foi recebido com grande entusiasmo, entusiasmo esse totalmente justificado pela sua prestação. Se uma banda praticamente desconhecida teve este efeito, estava mesmo visto que as outras seguintes seriam muito acarinhadas pelo público português presente no Paradise Garage. Os Myrath comprovaram essa expectativa numa actuação que apenas pecou por ser muito (criminosamente!) pequena. A banda da Tunísia tem muitos pontos em comum com os Orphaned Land, principalmente pelas sonoridades do médio oriente, sonoridades essas que são um dos principais pontos de interesse pela banda. No entanto, nem só disso a banda vive, e o seu metal progressivo consegue cativar e viver muito para além de simples gimmicks, embora seja sempre de apeciar a dança do ventre que nos foi apresentada em dois temas. Uma banda que já justifica a sua passagem por cá em nome próprio, pelo menos com mais tempo de antena.

A noite estava chegar ao seu momento mais aguardado, a chegada dos Symphony X e conforme a intro "Overture" do último álbum de originais da banda se faz ouvir, um Paradise Garage cheio vai ao rubro. A banda entre em campo com uma sequência demolidora na forma de "Nevermore" e "Underworld", o tema título do último álbum que foi o principal visado deste concerto, a ser tocado na íntegra embora a ordem dos temas não tenha sido exactamente a mesma. Uma atitude de coragem o que só demonstra a confiança da banda no seu último trabalho, e pelo o que pudemos apreciar como reacção do público, totalmente rendido, essa foi uma aposta ganha. O som, que esteve excelente nas duas bandas anteriores, apenas estava ligeiramente mais alto e teve apenas uma falha nos graves no final da "Underworld" mas de resto, esteve impecável, não permitindo a que a prestação de músicas cheia de pormenores técnicos ao nível dos instrumentos sofresse com isso. Sir Russel Allen esteve irreprensível quer na voz, quer na arte de comandar uma banda. Foi porta voz perfeito e que demonstrou bem como a banda ficou rendida à esmagadora forma como foram recebidos. Temas como "Without Fire", "In My Darkest Hour", "Swan Song", "Out Of The Ashes" e "Set The World On Fire" foram recebidos em euforia, mas na realidade não houve um momento fraco numa noite que ficará gravada na memória de muitos como mágica, bandas incluídas. Parafraseando Russel Allen, com público assim e a apoiar bandas destas, o metal viverá para sempre.

Texto por Fernando Ferreira
Fotografias por Joana Mendonça
Agradecimentos: Prime Artists