Dia 1
Embora com algumas alterações no
cartaz, este pequeno grande festival prometia grandes performances à capital.
O primeiro dia começou com a
atuação dos portuenses Nevoa que não desiludiram. O vocalista/guitarrista
perdeu uma das cordas logo na primeira música, mas foi com naturalidade que
continuou a nossa viagem pelo ‘The Absence Of Void’, álbum estreia da banda.
Com o RCA ainda um pouco despido, a aura pesada deste black metal atmosférico
esteve lá, só faltando alguma interação com o público.
Com a sala já mais composta, o
coletivo catalão Foscor, que não foi uma estreia em solo português, elevou sem
dúvida a fasquia. Mesmo tocando só durante meia hora e baseando-se no seu mais
recente trabalho “Those Horrors Wither”, o vocalista Fiar marcou pela sua
presença em palco, e criou uma ligação automática com o público ao mencionar
que já tinham estado em Portugal e que esperavam voltar para tocar durante mais
tempo. Depois desta excelente atuação só podemos esperar revê-los em breve.
Com o avançar da noite o RCA foi
enchendo. Foi com alguma expetativa que os Painted Black foram recebidos e
rapidamente demonstraram ser das melhores bandas do género em território
nacional, prestes a completar os seus 15 anos de carreira. A banda fez-se
acompanhar pela voz de Micaela Cardoso em alguns temas, o que resultou bastante
bem com a voz de Daniel Lucas. Assistimos a um goth/doom metal intenso, que
incluiu não só músicas do primeiro álbum como nos revelou um tema do segundo
álbum de originais, a ser lançado ainda este ano.
Os irlandeses Primordial eram os
mais esperados desta noite de festival e não desiludiram, bem pelo contrário.
Foi já com a sala cheia que o carisma do vocalista Alan Averill foi muito bem
recebido, e nos relembrou como é que se deve dar início às hostilidades. A
banda entrou em palco com “Where The Greater Man Have Fallen” com um público
ainda tímido, mas não demorou até Alan ser acompanhado pela sala a plenos
pulmões com temas como “As Rome Burns”, “Babel’s Tower” ou “Empire Falls”. Um
concerto que durou perto de uma hora e meia e que mostrou bem a essência dos
Primordial.
Dia 2
Seguiu-se à risca o alinhamento e
horários do festival, o que fez com que perdêssemos a atuação dos portugueses
My Master The Sun.
Os Shattered Hope foram a segunda
banda da noite e foi a estreia desta banda grega em solo nacional. Mostraram-se
bastante simpáticos mas acima de tudo competentes no estilo que representam.
Deixaram o público curioso sobre o que ainda estaria reservado para aquela noite.
Chegou a vez dos portugueses
Carma nos apresentarem o seu funeral doom. O trio português, natural de
Coimbra, e com o seu primeiro álbum lançado no final de 2015, promete ainda ter
muito para dar. As músicas cantadas em português fizeram-se acompanhar por um
visual cuidado, que incluiu velas no palco.
É caso que para dizer que a meio
da noite o RCA estava composto mas longe da enchente que aconteceu no primeiro
dia do festival.
A banda parisiense Mourning Dawn
continuou a conduzir as hostes para o que se avizinhava desde início ser uma
noite recheada de atuações competentes e intenso doom metal. Embora o vocalista
Laurent não estivesse nos seus dias, não poupou elogios à cerveja portuguesa e
em conjunto com os restantes membros presenteou-nos com mais de uma hora de
concerto.
Os nossos vizinhos Orthodox, duo
natural de Sevilha, deram um espetáculo que já era esperado pelo público.
Fantástica a viagem que fizemos à boleia de uma bateria, baixo e voz de Marco
Gallardo. O duo concentrou-se no mais recente trabalho da banda, “Axis”, lançado
o ano passado.
Para fechar a noite e com a sala
ligeiramente mais cheia, tocaram os britânicos Esoteric. Mesmo já a acusar
algum cansaço o público manteve-se. Com uma carreira bastante robusta às
costas, o quinteto brindou-nos durante uma hora e meia com o seu funeral doom
metal, com alguns traços atmosféricos. A voz marca sem dúvida uma das
particularidades da banda, bem como as três guitarras de que se fazem
acompanhar.
Um festival bem organizado e com
um cartaz bastante robusto, salientando as variantes apresentadas dentro do
género. Resta esperar que iniciativas como esta se mantenham na capital e dar
obviamente os parabéns à Notredame Productions por mais um Under the Doom.
Por: Andreia Teixeira - 23 Fevereiro 16