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Reportagem: Sad Lovers and Giants e Alma Mater Society @ Caixa Económica Operária, Lisboa - 06/02/2016


Os britânicos Sad Lovers and Giants completaram, no ano passado, 35 anos de carreira. O facto de nunca terem atuado em Portugal era uma grande lacuna, que acaba de ser preenchida. Os músicos pisaram o palco do Hard Club, no Porto, no dia 5 de Fevereiro e, no dia seguinte, da Caixa Económica Operária, em Lisboa. E é da sua vinda à capital que vimos falar. 

O arranque da noite foi dado pelos nacionais Alma Mater Society, um novo projeto de post-punk revival a cargo de Pedro Lourenço, João Miguel Carita e Nuno Francisco, e que certamente irá dar que falar. 

Começaram discretamente com "Del Rey" e “Forniphilia”, mas rapidamente alcançaram uma força que, muito possivelmente, só ao vivo se pode atingir. As temáticas das letras são carregadas de emoção (fala-se de depressão, de suicídio, de decepções…), e os vocais conseguiram transmiti-las de forma clara, mais até do que nos temas em estúdio. As músicas também ganharam uma outra força com a bateria de Nuno, que esteve irrepreensível e que também se evidenciou mais ao vivo. Destacaram-se as faixas “Hallucinations”, “The Mistake” e a cover “Skeletons”, dos The Sound, onde o público reagiu com particular entusiasmo. Também houve lugar para os temas “Only your knife knows” e “Slow Motion”. 

No fim, o público pediu por mais e o grupo voltou a tocar “Forniphilia”. O ambiente já estava de tal forma criado que, comparativamente ao início da atuação, parecia outro tema. Atualmente, os Alma Mater Society contam com um EP (demo), mas já existe indicação de que possivelmente, no presente ano, será lançado o seu primeiro álbum, uma vez que foram contactados pela 4AD Records. Aguardamos com ansiedade este lançamento, bem como uma nova data em nome próprio.

Seguiram-se os esperados Sad Lovers and Giants, que entraram em palco da forma mais descontraída possível. À primeira vista, o semblante dos músicos fazia recordar um grupo de humoristas tipicamente britânico. E não é que, de certa forma, o são? Ao longo da atuação, o grupo foi interagindo com o público de um modo divertido. 

A atuação teve uma duração de quase duas horas e foi possível recordar perto de duas dezenas de temas. Os portugueses não têm termo de comparação relativamente à dinâmica do grupo, ao vivo, no seu início de carreira: foi a primeira vez que temas como “Alaska”, “Man of Straw”, “Sleep (Is For Everyone)” e “Seven Kinds Of Sin” foram tocados no nosso país. Contudo, a voz de Garçe (Simon) Allard certamente terá permanecido intocável. Não apresentou sinais de cansaço (nem mesmo ao fim da noite, quando referia, entre risos, que os presentes deviam considerar deixar de fumar), o que foi uma agradável surpresa. 

Um concerto de Sad Lovers and Giants também não seria completo sem a presença do saxofone em alguns dos seus temas; felizmente, Garçe trouxe o instrumento ao palco. A certa altura, voltam a presenciar-nos com o seu humor: Garçe refere que a banda vai dar a possibilidade ao público de interagir na atuação, oferecendo uma cerveja ao grupo. 

Já no encore, o vocalista questiona “que temas é que ainda estarão por tocar?”. Na verdade, muitos. No dia seguinte, podiam continuar com o seu reportório! Mas, na realidade, certamente que os fãs ainda tinham em mente “Imagination” e o emblemático “Things We Never Did”, que fechou a atuação. 

Fica um apelo à banda: não queremos esperar décadas por uma nova visita. Que regressem em breve!


Texto por Sara Delgado
Agradecimentos:  A Comissão