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Entrevista aos Swallow The Sun


A Metal Imperium teve a oportunidade de falar com Juuso Raatikainen, o baterista e mais recente membro dos finlandeses Swallow The Sun, acerca do novo álbum triplo, “Songs From The North I, II & III”, e do regresso destes aos palcos, onde se incluiu uma data dupla em Portugal.

M.I. - Os Swallow The Sun já existem há cerca de 15 anos. O que é que vos motiva a continuarem a fazer música?

Bebidas à borla (risos)! Não, eu acredito firmemente que os outros elementos da banda possuem um laço de amizade e camaradagem muito forte, que se veio a solidificar com o passar dos anos. Eles gostam mesmo de andarem em tour e de tirarem algum tempo fora das suas vidas normais e rotina do dia-a-dia para comporem e tocarem. O Juha (guitarrista e fundador da banda) é uma autêntica fonte de criatividade, e não há sequer sinais de que vá abrandar ou sofrer algum tipo de bloqueio criativo. Agora como me têm a mim na banda, além de ser o que tem mais cabelo e o que baixa a média de idades deles, vou ajudar a manter as coisas mais “frescas” e a dar uma outras perspectiva.


M.I. - Como é que surgiu a ideia de fazerem um álbum triplo? Foi algo planeado ao pormenor com antecedência, ou aconteceu naturalmente?

O Juha já andava com a ideia de fazer algo desta magnitude há alguns anos,  e quando ele propôs fazer-se o álbum triplo, todos os restantes membros da banda mostraram-se completamente abertos à ideia. Este álbum e conceito é uma abordagem nova e diferente de tudo o que tem sido feito até agora tanto pelo a banda, como no estilo, e que desafiou a musicalidade de Swallow The Sun. A banda em si está sempre interessada em inovar e sair um pouco fora da sua zona de conforto e a experimentar coisas novas. Eu creio que as bandas devem sempre desafiar e explorar a fundo as suas capacidades.


M.I. - Passando agora ao processo de escrita/composição do álbum, podes-nos descrever como é que se desenrolou? 

As três partes do álbum foram escritas praticamente na íntegra pelo Juha, e alguns dos arranjos e outros pequenos pormenores foram feitos pelos restantes membros da banda. Ele fez deste álbuma sua grande afirmação artística, por ser uma coisa inovadora, e todos nós estamos muito contentes por termos sido capazes de fazer parte deste.


M.I. - As três distintas partes do álbum obedecem a alguma ordem e/ou conceito em particular (além das obvias diferenças do estilo musical)?

Os temas das letras encaixam-se entre si, e fazem as três partes, e o álbum num todo, funcionar melhor desta forma. Os motivos musicais são bastante semelhantes entre si, no entanto o que muda é a atmosfera musical criada em cada uma das partes, e que lhes dá uma roupagem e sentimentos diferentes. As letras são bastante pessoais e intímas. Mas apesar disso, cada uma das partes tem uma espécie de sub-título diferente que as descreve, bem como ao som da banda no seu todo, que é “Gloom, Beauty and Despair” (melancolia, beleza e desespero), algo que veio da música com o mesmo nome, que faz parte do álbum de 2005, “ Ghost Of Loss”.


M.I. - A parte do artwork e aspectos gráficos do álbum ficaram a cargo de quem?

O nosso teclista Aleksi fez grande parte desse trabalho. Ele desenvolveu uma série de ideias para a capa do álbum e imagens promocionais, baseadas na interpretação dele e do Juha das músicas e do álbum em si. Eu pessoalmente gosto muito do resultado final e vejo-o como sendo algo simples e natural, que flui e se enquadra bem com a música. Não há demasiados elementos, nem demasiado trabalho de edição. Ficou bastante discreto e cru, com uma beleza sombria, e isso era o objectivo, demonstrar a atmosfera principal da música.


M.I. - Há alguma razão em particular para terem escolhido as faixas “Heartstings Shattering”, “Pray For Winds To Come” e “Abandoned By Light” para apresentarem cada uma das partes do álbum?

A primeira, “Heartstrings Shattering” é uma autêntica música ao estilo “clássico” de Swallow The Sun, enquanto que as outras duas são aquelas que melhor representam o ambiente e a essência completa das outras partes (a segunda parte mais melódica e acústica e a terceira mais para o funeral doom).


M.I. - Estão a planear fazer algum concerto especial no qual toquem as três partes do álbum na íntegra?

Sim, definitivamente! Desde o início que ando a pensar nessa possibilidade. Adorava tocar o 3º disco todo na totalidade, assim num palco com ambiente a rigor, uma atmosfera sombria e melancólica, coberto com umas capas, e até mesmo com alguns sacrifícios humanos (risos). Mas fora de brincadeiras, acredito que é algo que venha a acontecer no futuro, já se fala muito disso, portanto é uma possibilidade bastante real.


M.I. - Tens alguma música (ou músicas) favorita deste álbum?

De momento, a que eu mais gosto é a “Empires Of Loneliness”, que faz parte do disco III. Creio que muitos fãs de Swallow The Sun, depois de a ouvirem com atenção, vão ficar a achar o mesmo que eu, esta música tem tudo para se tornar numa das favoritas do público.


M.I. - Como é que descreves musicalmente este álbum a todos aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de o ouvir, o que não estejam familiarizados com o trabalho da banda?

A parte I é Death/Doom sombrio, com melodias intensas e uma atmosfera melancólica; a II é de uma beleza acústica, com vibes muito post-rock, e que nos aproxima da natureza e intímo, sendo perfeito para curar uma ressaca (risos); a III parte  é o funeral doom mais pesado dos últimos tempos, lento, arrastado, épico e misantropico.


M.I. - Apesar de ainda não ter passado muito tempo desde o lançamento do álbum, qual é que tem sido o feedback recebido até agora? Era o que estavam à espera?

Nós ultrapassamos o Justin Bieber nas tabelas de venda na Finlândia no dia do lançamento e obtivemos a nossa primeira posição de sempre nas tabelas na Alemanha! Isto não é de forma alguma prioridade, mas ficamos bastante animados com isto, porque a nossa música é do mais honesto artisticamente que se pode ver. Até agora o feedback tem sido bastante positivo, muito melhor do que alguma vez imaginamos. Inicialmente, houve muitas dúvidas em relação ao álbum triplo, e houve quem o visse como sendo uma jogada arriscada, e que o tínhamos feito por ser uma ideia épica, mas depois ouviram o álbum e perceberam a qualidade, e que isto é muito mais que apenas os minutos de duração.

M.I. - Estão entusiasmados para voltarem a andar em tour? O que podemos esperar dos vossos concertos?

Eu especialmente! É a minha primeira tour enquanto membro oficial da banda, e estou bastante entusiasmado para tocar as músicas novas ao vivo. A setlist vai-se focar nas músicas do novo álbum, das três partes, mas pelo meio não vão faltar algumas das nossas melhores “pérolas”.


M.I. - Para terminar, gostarias de deixar uma mensagem para os vossos fãs em Portugal?

Estou bastante animado por ir tocar em Lisboa e no Porto, vai ser a minha primeira vez em Portugal! Espero encontrar-vos e conhecer alguns de vocês por lá. Se ainda não ouviram, vão ouvir o “Songs From The North I, II & III”, e comprem-no e apoiem-nos, para que possamos ser capazes de continuar a fazer música e a andar em tour!

Entrevista por Rita Limede