Passaram apenas algumas meses desde a primeira parte deste “Hexadic” e a segunda aí está. A quantidade de tempo entre os dois lançamentos não surpreende tanto como a abordagem adoptada. Se antes o experimentalismo do projecto de Ben Chasny vinha na forma de caos sonoro e muita distorção. Este caos apresentava uma inquietude que apesar de intensa e imensa, se tornava algo dolorosa aos ouvidos. Basicamente, apesar de ser apreciável na sua forma de experimentar com formas pouco usuais de apresentar e vivenciar a música, era (e é) um trabalho muito difícil de ouvir. A abordagem para “Hexadic II” é totalmente oposta. Se a primeira parte é de difícil audição, a segunda é de audição bastante fácil.
Não quer isto dizer que se tornou um trabalho comercial, com potencial de passar nas rádios mainstream de todo o mundo. A vertente experimental continua bem vincada. A diferença principal é que desta vez a roupagem é acústica e bastante (neo)folk, o que nos dá um teor ritualista a cada uma destas nove faixas. É como que uma viagem induzida por drogas alucinogénias à moda antiga, sem distorção, sem muitos efeitos, cru, como a própria vida em si. É essa visceralidade que torna esta segunda parte triunfante onde a primeira parte falhou de forma infeliz. É eficaz na forma como toca o ouvinte, deixando-o perturbado tanto como cativado. Libertando-o para voar, mas ao mesmo tempo ficando em alerta porque há algo de estranho e dissonante em toda esta viagem auditiva.
Não será tão viciante como o parágrafo atrás parece antecipar e não tão easy listening como poderá ter parecido no início desta missiva. Demora o seu tempo a entrar, precisa de algumas audições e mesmo assim poderá parecer tudo o mesmo, sem grandes variações de música para música… mas elas existem e de que forma. Destacar uma faixa das nove seria subverter aquele que parece ser o propósito final: a experiência de um ritual que deverá ser vivido e sentido do início ao fim, uma forma que dará, se bem sucedida, daquilo que nos rodeia. Um excelente regresso e a prova viva de que as coisas não são o que aparentam. E ainda há quem não goste de viver nos tempos em que vivemos e que temos acesso a coisas como esta.
Nota: 8/10
Review por Fernando Ferreira
Não quer isto dizer que se tornou um trabalho comercial, com potencial de passar nas rádios mainstream de todo o mundo. A vertente experimental continua bem vincada. A diferença principal é que desta vez a roupagem é acústica e bastante (neo)folk, o que nos dá um teor ritualista a cada uma destas nove faixas. É como que uma viagem induzida por drogas alucinogénias à moda antiga, sem distorção, sem muitos efeitos, cru, como a própria vida em si. É essa visceralidade que torna esta segunda parte triunfante onde a primeira parte falhou de forma infeliz. É eficaz na forma como toca o ouvinte, deixando-o perturbado tanto como cativado. Libertando-o para voar, mas ao mesmo tempo ficando em alerta porque há algo de estranho e dissonante em toda esta viagem auditiva.
Não será tão viciante como o parágrafo atrás parece antecipar e não tão easy listening como poderá ter parecido no início desta missiva. Demora o seu tempo a entrar, precisa de algumas audições e mesmo assim poderá parecer tudo o mesmo, sem grandes variações de música para música… mas elas existem e de que forma. Destacar uma faixa das nove seria subverter aquele que parece ser o propósito final: a experiência de um ritual que deverá ser vivido e sentido do início ao fim, uma forma que dará, se bem sucedida, daquilo que nos rodeia. Um excelente regresso e a prova viva de que as coisas não são o que aparentam. E ainda há quem não goste de viver nos tempos em que vivemos e que temos acesso a coisas como esta.
Nota: 8/10
Review por Fernando Ferreira