

Ironicamente, a sala estava longe de estar cheia mas o espaço vago de pessoas foi cheio com magia musical, simpatia e gratidão. Verdeira e sentida gratidão. Começando e acabando com dois temas do último álbum de originais, "Love, Fear And The Time Machine", que faz todo o sentido que comecem e acabem os espectáculos - "Lost (Why Should I Be Frightened By A Hat?" a começar e "Found (The Unexpected Flaw Of Searching)" - a noite de 30 de Outubro contemplou uma viagem pela carreira da talentosa banda polaca, estando o foco nos dois últimos álbuns de originais, com quatro temas representados de cada. Certas músicas já são indispensáveis como as "02 Panic Room" e"Conceiving You" dos já clássicos "Rapid Eye Movement" e "Second Life Syndrome" respectivamente. Este último tema foi cantado de forma arrepiante pelo público - facto referido pelo vocalista Mariusz Duda, sempre bem disposto e com espírito positivo quando referiu que era sempre bom vir a Portugal porque tinha o público a cantar por ele.
As faixas do novo álbum enquadraram-se e fluíram muito bem consolidando aquela que foi uma actuação irrepreensível de uma das maiores bandas de rock/metal progressivo da actualidade, que tem um dom único não só para fazer grandes músicas mas para lhes dar vida de forma única em cima do palco, aliando a uma simpatia infindável e a uma humildade genuína - incrível a quantidade de vezes que Mariusz pediu desculpa pelo concerto cancelado em 2013 e agradeceu ao público presente. São detalhes que fazem toda a diferença mas mesmo que não exista sensibilidade para essas questões, a rendição a épicos como os gigantes "Same River" e "Escalator Shrine" ou melodias punjantemente simples como a de "We Got Used To Us" falam sempre mais alta. Repetindo os desejos de Mariusz Duda no final do concerto, esperemos que seja até para o ano que vem e não daqui a dois anos (ou quatro se algum autocarro avariar novamente).
Texto por Fernando Ferreira
Fotografias por Liliana Quadrado
Agradecimentos: Prime Artists