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Bauda - "Sporelights" Review


Ainda há pouco tempo falámos de Santiago do Chile, a propósito do novo álbum dos Crisalida e eis que essa cidade volta a surgir-nos à frente dos olhos e, principalmente, nos ouvidos. Os Bauda surgem-nos precisamente de Santiago com o seu terceiro álbum de originais, este "Sporelights" que tem uma sensibilidade europeia de tal forma acentuada que poderíamos jurar que nos surgem da Islândia ou da Noruega. Questões territoriais aparte, este é um álbum que de certeza deixará desnorteados todos os fãs de pós-rock e rock progressivo, mesmo que não respeite à risca todos os lugares comuns do estilo em questão.

O tema de abertura "Aurora" é uma intrigante peça instrumental que junta todo aquele feeling etéreo do pós-rock com pormenores electrónicos que nos fazem relembrar os tempos aúreos das bandas sonoras de filme da década de oitenta (e outros mais recentes como o excelente trabalho de Daft Punk com a banda sonora de Tron: O Legado). O que se segue imediatamenteem faixas como "Vigil" e o tema títlo é um rock progressivo que usa e abusa da melodia como fio condutor. A haver algum termo de comparação, talvez seja com o estilo clássico art rock britânico embora também existam algumas influências mais modernas no que ao rock progressivo contemporâneo diz respeito.

Mais do que respeitar este tipo de influências ou aquelas fórmulas, o que se nota aqui é uma devoção total a fazer músicas profundas que crescem com o ouvinte a cada nova audição e é precisamente isto que se tem. É um disco à antiga, nos tempos em que se ouvia música como um todo. Em que a cada álbum que nos chegavam às mãos e o mesmo era ouvido atentamente do início ao fim. Hoje em dia não há tempo para nada, temos a sensação de que o mundo acaba se não nos mantivermos a par de todas as novas inovações, todos os mais recentemente lançamentos. Este álbum é a cura ideal para esse problema dos tempos modernos. É com músicas como "War" e "Dawn Of Ages" que o tempo pára e nos dá oportunidade para apreciarmos as coisas boas da vida, tal como a música.


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira