Cada vez mais o black metal parece estar na ordem do dia, com bons lançamentos a surgirem constantemente. No campo mais caótico do estilo, temos estes VI, entidade francesa formada a partir de um trio com já longo histórico no underground da cena francesa onde se podem incluir nomes como Aosoth, Merrimack, Anteus, The Order Of Apollyon, entre outros. Com um EP e split editados, a estreia surge com “De Praestigiis Angelorum” que nos apresenta um black metal mais matemático como manda a tradição iniciada por bandas como Deathspell Omega, embora os níveis de caos sejam um pouco mais modestos – até existe uma melodia bem catchy na “Une Place Parmi Les Morts”.
De forma algo surpreendente, o equilíbrio entre o caos selvagem mas controlado por fórmulas matemáticas (que, como já dissemos atrás, não são muito complexas) diluem-se com melodias extremamente marcantes. E é mesmo nesse capítulo que esta estreia dos VI nos agarra, nas suas melodias. Dizer isto de um álbum de black metal pode parecer estranho, para alguns até poderá ser mesmo blasfémia mas é verdadeiro. As melodias são cativantes e marcantes e agarram os ouvintes pelos dois ouvidos como professor da primária do Estado Novo furibundo.
O conjunto do trabalho é equilibrado e oferece várias dinâmicas que aliado às já referidas dinâmicas, faz com que este trabalho seja viciante de uma forma que não se antecipava, isto sem ceder muito ao que o black metal representa – o que diga-se de passagem, não é algo muito comum, mas que quando surge, continua a ser uma fórmula para o sucesso. Se este tipo de abordagem caótica poderá potencialmente irritar aqueles que não gostam tanto de dissonâncias, em “De Praestigiis Angelorum” os VI atingem um equilíbrio invejável fazendo com que não exista fillers praticamente (bem, tirando a intro “Et In Pulverem Mortis Deduxisti Me”, que é algo desnecessária) e que esta seja uma grande estreia. Recomendadíssimo.
Nota: 8.4/10
Review por Fernando Ferreira
