Ora aí está música feita a régua e esquadro. Geometria parece algo impossível de conciliar com a música – a não ser, talvez ao jazz, mas por aí a música teria que ser praticada à mistura com toques de cubismo abstracto – a não ser em comparações parvas mas “Societea For Two” parece ser realmente o equivalente a uma série de equações gritadas por aficionados de mathcore. Curiosamente, um dos nomes que nos surge na mente ao ouvir temas como “In Lies” é Voivöd, por isso, podemos esperar muito, inclusive o inesperado.
Mesmo assim, não é um dos trabalhos mais difíceis de definir embora possa ser algo difícil de digerir. Se alguns temas como “Lowthing” são mais simples e fáceis de memorizar, a grande maioria destes temas custa um bocado a entrar, como a estranha “Merry Christmas And Lots Of Ho Ho Ho’s” – nunca o Natal soou tão arrepiante e claustrofóbico. As dissonâncias são uma constante o que poderá fazer que seja um pouco complicado ouvir até ao final este trabalho. Principalmente para quem for alérgico a tal coisa.
“Societea For Two” é bem mais variado que à partida pode parecer, no entanto, acaba por ser revelar algo extenso para as capacidades comuns do ouvinte. Isto para quem não for especialmente fã da sonoridade. São necessárias muitas audições até que coisas como “Mustafa The Tyrant” e “The Song My Dad Taught Me” entrem na cachola e mesmo depois de entrar, não é certo que se consiga atingir harmonia. O que nos deixa a questão no ar: “Porquê tanto esforço? Não deveria ser natural?” – Dever devia, mas não seria a mesma coisa.
Nota: 5/10
Review por Fernando Ferreira