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Reportagem: Vagos Open Air 2015 - Dia 2 @ Parque Municipal Quinta do Ega, Vagos - 08/08/2015



Os WAKO entraram em palco de uma forma demolidora, tendo tido uma recepção incrível, provavelmente a melhor entre todas as bandas nacionais, e mostraram ser mais que merecedores de um palco maior. A setlist, embora não tenha variado muito de todos os outros concertos dados pela banda, não incomodou os presentes, pois o movimento e o caos foram uma constante do início ao fim. Mosh, circle pits, crowdsurfing e até mesmo a primeira wall of death do dia, espelharam bem aquilo que foi a atuação do grupo. Falta ainda mencionar a presença do WAKO army, o grupo de fãs da banda, que esteve lá em alta a mostrar o seu apoio com um cartaz de incentivo. 

Provenientes da vizinha Espanha, os Mutant Squad vieram continuar a onda de destruição começada anteriormente. Uma banda que era ainda relativamente desconhecida por parte do público nacional, conseguiu rapidamente chamar a atenção dos presentes, e receber uma grande entrega por parte destes. A setlist da banda baseou-se maioritariamente no único álbum que têm lançado, até agora, “Titanomakhia”. No geral foi uma boa prestação, que de certeza garantiu novos seguidores à banda. Estes estarão de volta em Novembro, como foi anunciado pelos próprios em palco, para atuarem no Mosher Fest, na cidade de Coimbra.

Os Destruction foram o ato que se seguiu, os lendários thrashers alemães, uma das bandas que faz parte dos Teutonic Four, juntamente com Kreator (que tocou no festival o ano passado), Sodom e Tankard (já com data marcada em Portugal para o próximo ano). Este regresso dos Destruction aos palcos nacionais não podia ter corrido da melhor forma. Com uma setlist repleta de clássicos como “Mad Butcher”, “Nail To The Cross”, “Bestial Invasion” ou “Thrash Till Death”, a banda teve uma enchente enorme de público, que culminou num dos moshpits mais brutais do festival inteiro. Violência e caos foram a palavra de ordem de uma banda com uma gigante presença e energia em palco.

Os Triptykon, encabeçados pelo mítico frontman Tom G. Warrior, foram protagonistas de um momento musical de outro mundo. Uma actuação extremamente competente, com uma descarga brutal de peso, que criou um ambiente mágico ao pôr-do-sol. O som teve, provavelmente, a melhor qualidade do festival inteiro, o que ajudou bastante. Estes regressaram a Portugal, passados 5 anos com um novo álbum para apresentar, “Melana Chasmata”, e com uma setlist que contou com três temas de Celtic Frost, “Circle of Tyrants” , “Procriation (Of The Wicked)” e “The Usurper”, e um de Hellhammer, “Messiah”. Uma atuação arrepiante, que soube a muito pouco e que seguramente ficará na memória dos presentes por muitos anos.

Os Black Label Society, um dos grandes nomes da noite, acabaram por ter uma das maiores enchentes do festival inteiro. Foi um concerto interessante mas que pecou um pouco pelos solos demasiado longos, no meio das músicas. Houve também ainda tempo para muitas trocas de instrumentos, em especial de guitarras. A banda mostrou a sua enorme virtuosidade e competência musical, com uma setlist que revisitou alguns dos principais temas da sua carreira, bem como algumas músicas do seu mais recente álbum de originais, “Catacombs Of The Black Vatican”, lançado o ano passado. Especial destaque ainda para o tema “In This River”, no qual vimos o vocalista/guitarrista Zakk Wylde ao piano, que foi tocado (e composto na altura) como uma belíssima e emocionante homenagem ao falecido guitarrista de Pantera, Dimebag Darrel. O público respondeu da melhor forma à actuação da banda, tendo havido muita emoção durante as músicas mais calmas, e muito movimento e agitação nas restantes. Ficou no ar, no final, a sensação de expectativas cumpridas em relação ao concerto.

Os Venom entraram em grande, com o frontman Cronos, a provar que mesmo após 35 anos de carreira, ainda é capaz de dar concertos completamente colossais e rebentar por completo com as expectativas dos presentes, um feito que nem todas as bandas conseguem. Com apenas 3 elementos em palco, conseguiram criar um grandioso ambiente de destruição. O grupo regressou a Portugal para apresentar o seu mais recente álbum de originais, “From The Very Depts”, lançado no início deste ano. A setlist, no entanto, primou pelos clássicos, e momentos como “Welcome To Hell”, “Black Metal” (foi completamente arrepiante e inesquecível ouvir em uníssono a célebre frase “Lay down your souls to the god rock n roll”) e “Countess Bathory”, foram os mais aplaudidos. A banda ainda voltou para um encore, onde tocou as músicas “Bloodlust”, “In League With Satan” e “Witching Hour”. Foi uma actuação monstruosa e energética, que tal como a de Triptykon umas horas antes, dificilmente será esquecida.

Os portugueses Filii Nigrantium Infernalium foram os convidados especiais deste segundo dia, e deram um concerto de comemoração do vigésimo aniversário do seu  grande álbum “Era do Abutre”. A responsabilidade de seguir a atuação de Venom e fechar um dia de excelentes concertos não era fácil, mas a banda deu o seu melhor e cumpriu o esperado. No entanto, muitos espectadores já vencidos pelo cansaço, não ficaram para ver. Musicalmente nada a reparar, no entanto, a postura, as “piadas” e comentários anti-religiosos em demasia acabaram por cortar um pouco o ambiente, e não se adapataram por completo ao ambiente geral do festival. 


Texto por Rita Limede
Fotografias por Diana Fernandes
Agradecimentos: Prime Artists