À 5ª edição do festival já não há que enganar - o SonicBlast Moledo tornou-se uma paragem obrigatória nos festivais de verão e o ano 2015 trouxe consigo o cartaz mais forte do evento até à data. O tempo nem sempre convidava a banhos mas nada impediu os mais corajosos de aproveitar a piscina junto ao palco destinado aos concertos da tarde. À noite, o palco principal levou até nós muito boa onda e, arriscamo-nos a dizer, alguns dos melhores concertos do ano.
1º dia
Pool Stage
À hora prevista, e ainda com pouca gente a assisitir, os Mantra deram o pontapé de saída do festival com um concerto seguro e bastante positivo, dadas as circunstâncias.
Os The Black Wizards trouxeram consigo um vislumbre do sol e calor que começou a pedir alguns mergulhos na piscina. "Back In The Town" pareceu ser do agrado dos presentes, cujo número tinha aumentado entretanto.
A "Summer Madness 2015" dos Big Red Panda teve paragem em Moledo e, com 3 guitarras em palco, o quinteto, que começou há exatamente 2 anos, mostrou do que é capaz.
Abençoados pela chuva que começou a cair, os os The Attack Of The Brain Eaters puseram de pé um concerto que pareceu agradar a todos os resistentes que se mantiveram no relvado junto do palco.
À semelhança da banda anterior, também os Cuchillo de Fuego chegavam a Moledo vindos diretamente de Espanha. O palco não foi suficiente para conter a energia do vocalista, que desceu para junto do público próximo do final do concerto.
Os Nervous ficaram encarregues de terminar a primeira tarde de concertos e, vindos da Califórnia, começaram por atirar algumas cassetes para o varandim junto ao palco, colocando um ponto final nas atuações da tarde com um excelente concerto.
Main Stage
O nome deixa-nos curiosos, os álbuns fazem-nos gostar e a atuação deixa-nos completamente rendidos. Luz verde em todo o palco e algumas imagens de fundo difíceis de descrever, mas que fazem todo o sentido quando pensamos que estamos a ver os Belzebong, fizeram uma hora completamente instrumental passar demasiado depressa, dada a qualidade da atuação.
Plus Ultra é sinónimo de destruição e, acreditem quando vos dizemos, esta frase não podia ser mais literal. Começando pelo final do concerto, o caos em que ficou a bateria (completamente virada ao contrário) e a guitarra que Azevedo fez voar até bater no chão com toda a força representam aquilo que foi o concerto da banda liderada por Gon, um ser demoníaco que não resistiu a fazer crowd surf a meio daquele que foi, sem qualquer dúvida, um dos concertos mais intensos do festival. A obrigatória "Trust Is For The Weak" ficou guardada para o final e terminou em grande o concerto da banda portuense.
"Hi, we are ZZ Top" foi a frase usada por Arvid Jonsson para apresentar os seus Greenleaf. Com "Trails & Passes" lançado o ano passado, a banda chegou a Moledo cheia de vontade de apresentar o seu mais recente lançamento e temas como "Our Mother Ash" ou "Ocean Deep", os dois primeiros do último álbum, não passaram despercebidos numa atuação em que foi ainda possível ouvir "Million Fireflies", uma música nova, presumivelmente do próximo lançamento da banda sueca.
Passa uma hora da meia-noite e o dia foi longo. É fácil aceitar os My Sleeping Karma como antecipação de uma noite bem dormida. Em palco, e por motivos alheios à banda, com instrumentos emprestados pelos High Fighter, a quem o grupo alemão não pôde deixar de agradecer, as músicas ganham outra vida - ligeiramente mais rápidas e pesadas. Os desejos de um karma feliz pareceram sinceros e "Ephedra", do álbum "Soma", ou "Brahama", do "Tri", lançado em 2010, ajudaram a hipnotizar todos presentes na edição de 2015 do SonicBlast. "Ahimsa" ficou guardada para o encore e terminou de forma perfeita o primeiro dia do festival.
2º dia
Pool Stage
Depois do hipnotismo em que havia terminado o dia anterior, a piscina voltava a ser o centro da afluência festivaleira e, devidamente preparados, os Vircator foram um excelente início para o segundo dia.
Os Galactic Superlords tinham já marcado presença no concerto de warm up do SonicBlast e agora, a tocar oficialmente no festival, trouxeram o seu "Interstellar Rock", género definido pela própria banda, diretamente da Alemanha, conseguindo pôr todos os presentes a mexer.
Também os Astrodome haviam marcado presença no warm up do festival e nem uma corda partida e alguns problemas de afinação logo no início do concerto os impediram de dar um poderoso concerto que pareceu ser do agrado de todo o público.
Era perceptível que o mau tempo tinha entretanto chegado para ficar mas nem isso foi suficiente para assustar os Puma Pumku. Uma boa atuação por parte da banda oriunda de Santiago de Compostela.
A chuva intensificou-se e o nem os Lâmina, já em palco, se livraram dela. Num palco molhado, e fazendo-se valer da sua força de vontade, a banda portuguesa deu um dos melhores concertos da tarde. "Cold Blood", tal como era de esperar, não foi esquecida e soou ainda melhor ao vivo.
Os Somali Yacht Club não se deixaram intimidar e entraram a todos o gás para conquistar o público presente na piscina. Com o pé no acelerador e "The Sun", lançado em Setembro de 2014, ainda fresco, o trio da Ucrânia conseguiu dar um excelente concerto que pôs fim às atuações naquele palco.
Main Stage
Os Libido Fuzz ficaram encarregues de dar o pontapé de saída no palco principal e foi com um pequeno atraso que o fizeram. De regresso a Portugal 4 meses depois de terem tocado no Sound Bay Fest, em Lisboa, o foco do trio francês manteve-se em "Kaleido Lumo Age", lançado em Maio deste ano.
Depois de uma semana de férias em Portugal, os Wight chegaram a Moledo para tocar alguma "dance music", assim descrita pelos próprios. "Helicopter Mama", dedicada pelo vocalista a todas as mães, foi o tema escolhido para dar início ao concerto e, inevitavelmente, "Master Of Nuggets" arrancou risos do lado de cá do palco. A piada sobre a chuva em pleno mês de Agosto não faltou e a energia também não. Ponto mais que positivo para o grupo alemão.
Em dia de aniversário de Óskar Logi, o vocalista/guitarrista dos The Vintage Caravan, "happy birthday" foi cantada em uníssono por grande parte dos presentes antes de "Babylon", incluida em "Arrival", o mais recente álbum da banda, soar através dos amplificadores Marshall colocados atrás dos músicos. "Midnight Meditation" não foi esquecida e "Shaken Beliefs" também fez parte da festa. "Winterland" acalmou um pouco as coisas mas prontamente "Let Me Be" voltou a agitar a caravana que conseguiu dar um excelente concerto.
Bobby Liebling pode não ter os 61 anos mais bonitos mas tem-nos, com toda a certeza, bem vividos. Os Pentagram eram, provavelmente, a banda mais esperada da edição de 2015 do SonicBlast e ei-los, finalmente em palco, liderados pelo mesmo Bobby que horas antes fazia questão de cumprimentar os fãs e acedia com um sorriso às tão modernas selfies dos que ainda não tinham ficado sem bateria. Com mais de 40 anos de carreira, não deverá ser fácil escolher a setlist para pouco mais de uma hora de concerto mas "Curious Volume", o novo álbum, tornou a tarefa mais fácil. Ainda assim, foi a habitual "Sign Of The Wolf" que deu início ao concerto e, pouco depois, "Relentless" levou-nos de volta a 1981, altura do lançamento de "Pentagram", mais tarde re-editado com o mesmo nome do tema anteriormente descrito. "The Devil's Playground" foi um dos temas escolhidos do novo disco num concerto onde os fãs puderam ainda ouvir "When The Screams Come" e "Dying World", algumas das músicas que levaram os presentes ao rubro.
Nem tudo pode ser bom e eis que é chegado o momento mais triste de qualquer festival. O último concerto traz consigo a nostalgia de 2 dias de muita e excelente música. Felizmente, temos à nossa frente os Mother Engine, a quem coube acompanhar-nos nesta viagem final e, se não fosse pedir muito, torná-la inesquecível. E a verdade é que não foi preciso pedir nada - foi exatamente isso que eles fizeram. Wüstenwind, o 2º tema do álbum lançado a 25 de Abril do ano corrente ajudou-nos a despedir do festival numa hora de concerto a roçar a perfeição. "Ready for the final round?" marcou as derradeiras palavras que nenhum festivaleiro gosta de ouvir, mas foi de coração cheio, muito por culpa do trio alemão, que todos nos despedimos de Moledo. Até para o ano!
Fotografias por Anne Carvalho
Texto por Bruno Correia
Agradecimentos: SonicBlast