Quantos de vocês poderão afirmar categoricamente que conhecem uma banda do Luxemburgo? Pois é, se não conheciam passam agora a conhecer através dos My Own Ghost. Mas será a proveniência do coletivo o seu único ponto de interesse? À partida poderá parecer que sim, mas uma escuta aprofundada de Love Kills revela no entanto algumas surpresas.
Para já estamos na presença de uma banda cuja voz e delicadeza do som, nos remete quase que instintivamente para o universo Americano das vozes femininas, com Paramore e Flyleaf logo à cabeça. Contudo e pese embora seja inegável a influencia pop no seu som, os My Own Ghost parecem ser um pouco mais criativos do que os nomes supracitados. Afinal de contas, sem o “apoio” de uma indústria discográfica como a norte-americana, tarefas como a escrita, produção e promoção, terão que ficar quase que exclusivamente dependentes da banda, isto para não falar de que tal indústria é praticamente irrelevante no Luxemburgo.
Como tal Love Kills não é um irritantemente perfeitinho e unidimensional disco, mas sim o mais do que satisfatório resultado da grande coesão entre Fred Breve e David Soppelsa nas guitarras, Joe May no baixo e Michael Stein na bateria, aos quais se sobrepõe a voz de Julie Rodesch, que pelo seu agradável timbre e talento, acaba naturalmente por ser o grande ponto de interesse deste lançamento. Nele encontramos rockalhadas enérgicas como Broken Mirror e Free Fall, refrãos bem orelhudos como Waiting in the Wings e Bad Love, batidas electrónicas aqui e ali, bem como temas derivados do piano como Silence, ou até sonoridades a fazer lembrar The Cure. Decididamente fica a ideia de que este disco comporta as diversas influências musicais dos elementos deste coletivo, o que é normal tendo em conta tratar-se do seu primeiro lançamento, e sendo ou não ainda uma busca pelo seu some, a verdade é que essa heterogeneidade acaba por dar ao disco um travo especial.
Naturalmente que os My Own Ghost ainda têm muito que aprender e evoluir, especialmente na altura de dar um cunho mais pessoal e carismático nas suas canções, para que possam assim distinguir-se, de forma mais categórica da concorrência. Para já ainda na modesta (mas que tão boas bandas tem descoberto) Inverse Records, mas prontos a dar o salto num futuro que se prevê auspicioso. Um bom disco para quem não tiver problemas com um metal rock meio apopalhado.
Nota: 8.4/10
Review por António Salazar Antunes