“Boa noite pessoal, nós somos os
Sullen”, ecoou pela sala 2 do Hard Club, antes do tema “Broken Path”, mas o
vocalista, e guitarrista, César Teixeira, escusava de se apresentar, pois todo
o público sabia bem ao que ia: o primeiro concerto dos Sullen, um sexteto
surgido com o fim dos Oblique Rain, e que editou no início de 2015 o seu primeiro
disco, “Post Human”.
O processo natural de um grupo de
Rock ou Metal, passa sempre pela garagem, primeiros concertos, erros, melhores
actuações ou piores. Com bandas renascidas ou formadas por músicos já
experientes, o processo é diferente e não é invulgar que a estreia em palco se
verifique após a edição de um ou mais trabalhos. Será caso raro por Portugal,
mas recordo o exemplo recente dos Colosso. A escolha de sala própria e cartaz
exclusivo, sem outro nome, foi arriscada, já para não falar na data, pois dois
festivais decorriam perto e um outro concerto disputava público naquela noite.
Foi assim uma surpresa ver meia sala preenchida para ver o colectivo.
Surpresa, ou não, foi perceber um
alinhamento exclusivamente centrado no disco de estreia, sem temas de outros
projectos, ou faixas esquecidas na sala de ensaio. Numa noite que se poderia
denominar por “Sullen introduces «Post Human»”, os temas não desfilaram na
ordem do disco, mas numa escolha mais de acordo com as dinâmicas necessárias à
execução: “Devata”, “Exult”, “Redondo Vocábulo”, “Ascend”, “Become”, “Broken
Path”, “Place Of Time”, "Placid”, “Tidal”, “Engulf” e “The Mounder”, foram
os temas que desfilaram.
A complexidade dos temas
conseguiu ser transposta, mas sentiu-se o efeito de ser o primeiro concerto,
numa máquina que mostrou precisar de ser oleada, por vezes com os músicos
demasiados estáticos, concentrados no espaço, e, no caso de César, a natural
prisão de quem tem de cantar, tocar guitarra e ainda mudar esta. Ficou, no
entanto, a impressão de um grupo que ainda tem muito para crescer, não pela
inexperiência (que não tem), mas porque a dimensão das suas músicas possui
material para concertos ainda mais memoráveis. Uma boa estreia, no entanto!
Texto por Emanuel Ferreira
Fotografias por Vânia Matos
Agradecimentos: Sullen