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Paradise Lost - "The Plague Within" Review


Há uns três anos atrás "Tragic Idol" foi aqui revisto de forma bastante positiva. Não só por ter sido uma afirmação definitiva do novo som dos Paradise Lost, como o tipo de riffs e peso que comportava há muito não ouvíamos num disco da banda de Halifax.  A verdade é que passado a excitação se chega a conclusão que a essência essa não seria assim tanta, e que o replay value desse disco se mostra um pouco aquém, daí que tal julgamento poderá ter sido algo prematuro.

Posto isto, seria surpreendente que o mesmo se passasse com a nova proposta do coletivo, "The Plague Within", um disco que se afigura notável a vários níveis. Para já o dito peso veio mesmo para ficar, ou não tivesse sido este disco anunciado como o mais pesado da carreira do grupo. O que não é de estranhar tendo em conta que o projeto de Greg Makcintosh, Vallenfyre contínua de vento em poupa e Nick Holmes, como é sabido juntou-se aos Bloodbath.

A grande diferença de "The Plague Within" para o seu antecessor é talvez o seu enorme dinamismo, um pormenor que faz toda a diferença. Enquanto "Tragic Idol" parecia mais decidido em cortar drasticamente com tudo o que fizesse lembrar a fase intermédia dos Paradise Lost, este não só capta outros elementos mais extremos até, como não é ausente de experimentalismo e de elementos mais sinfónicos. E vendo bem até é capaz de ser o mais diverso disco de Paradise Lost desde "Symbol of Life". Uma teoria que começa logo a fazer sentido na pluralidade de estilos vocais de Nick Holmes, trazendo alguma da guturalidade usada em Bloodbath ao mesmo tempo que também o ouvimos em registos limpos e mais ríspidos.

Como tal se estavam à espera que "The Plague Within" fosse o somatório dos singles de avanço "No Hope In Sight" e "Beneath Broken Earth", fiquem desde já a saber que cadência desses temas é caso único no disco. "Flesh from Bone" por exemplo é sem duvida a coisa mais agressiva que esta banda alguma vez fez, enquanto o espirito quase punk de Punnishment Through Time nos remete diretamente para "Pity the Sadness" do disco "Shades of God". Isto para dar alguns exemplos da ambivalência de "The Plague Within", outros excelentes pontos de ressalva são o regresso das vozes femininas em "An Eternity of Lies", as orquestrações de "Sacrifice to the Flame", e a obra-prima que é "Victims of the Past", onde aqui sim se pode escutar um somatório daquilo que é "The Plague Within". Dualidade de vozes, mudanças de andamento e intensidade, e um daqueles riffs que só Greg Mackintosh consegue fazer, tudo com aquela melancolia característica transversal a todo o disco.

Existe tanto a descobrir em "The Plague Within", o que faz de cada escuta uma experiência gratificante. E quando finalmente se consegue apreender tudo o que aqui está, então aí sim se chega à conclusão de que este é um dos mais geniais discos da carreira do coletivo. Conseguir sê-lo após 13 discos em 27 anos de carreira, isso não está ao alcance de qualquer um.

Nota: 9.5/10

Review por António Salazar Antunes