Não querendo fazer desta crítica qualquer tipo de manifesto pela paridade dos sexos, a verdade é que ainda que a musica seja, e será sempre o ponto fulcral da Metal Imperium, "Kings and Queens" é um álbum de que vale a pena dissertar um pouco por assuntos que ultrapassam esta forma de arte.
Sejamos sinceros entre as milhentas bandas de Female Fronted Metal, apenas uma reduzida percentagem contem uma vocalista cujo papel não se cinge apenas ao contributo vocal, sendo que a maioria dessa proporção se limita a escrever letras e pouco mais. Poucos são os casos em que vemos uma vocalista mais ativa na composição dos temas, e vá se la saber porque quando tal acontece são quase todas provenientes dos Países Baixos, como são os casos de Floor Jansen (pre Nightwish), Sharon den Adel (Within Temptation), Charlotte Wessels (Delain) ou Marcela Bovio (Stream of Passion, embora de origem Mexicana). Mas também não esquecer do outro lado do oceano o excelente exemplo que é a mal amada Amy Lee (Evanescence). E é mesmo nesse lado do Atlântico um pouco mais acima no Canada, que surge Leah McHenry, uma vocalista sem qualquer passado no mundo do metal, desconhecida até agora pela maioria, e que ousa lançar agora em nome próprio, o seu segundo disco de originais "Kings and Queens".
Um disco marcante acima de tudo por ser um trabalho inteiramente composto pela canadiana, contando apenas com algumas ajudas aqui e ali do guitarrista convidado Timo Somers (dos Delain), ficando a restante banda composta pelo também Delain Sander Zoer e Barend Courbois (atual baixista “convidado” dos Blind Guardian).
Uma grande surpresa este "Kings and Queens" visto que para todos os efeitos é também um bom disco. Composto por 13 temas onde Leah desfila não só toda a sua criatividade, bem como a diversidade da sua voz. É verdade, a multiplicidade de registos da vocalista é mesmo o ponto alto do disco, e o que torna temas como o atmosférico "Angel Falls" ou o complexo "Palace of Dreams" sublimes, numa mescla entre tons mais angelicais e outros mais possantes.
Existe ao longo de "Kings and Queens" um sentimento etéreo quase omnipresente, que nos remete para o mundo da fantasia de uma forma bem credível. Digamos que Leah nesse aspeto tem mais influências de uma Enya do que propriamente de Euro metal. As passagens atmosféricas são mais do que recorrentes conferindo ao disco uma certa homogeneidade na sua sonoridade, quase que a fazer lembrar também os nossos Factory of Dreams.
Essa homogeneidade permite de certa forma disfarçar também os temas menos conseguidos, que os há, da mesma maneira que também não se pode afirmar que "Kings and Queens" seja algo extremamente inovador ou um disco ímpar. É sim um bom trabalho, de afirmação, brilhante em alguns momentos e esquecível em outros.
Nota: 7.6/10
Review por António Salazar Antunes