É cada vez mais comum termos álbuns de estreia que nos surpreendem. Não talvez na forma, mas mais pela qualidade. Em tempos em que supostamente já vimos e ouvimos tudo, não deixa de ser um facto positivo ainda que irónico. No caso dos Ecstatic Vision, não há mesmo nada de novo até porque a sua sonoridade é assumidamente retro, encaixando-se na vertente mais psicadélica e espacial do rock. Ora, tendo em conta de que a editora que apadrinha a sua estreia discográfica é a Relapse Records, o que é banal revela-se interessante, mais que não seja tentar perceber o que é que os norte-americanos Ecstatic Vision tem de especial para que tenham chamado a atenção da Relapse que normalmente focam-se mais nos lançamentos extremos.
Imediamente há um nome que nos surge assim que “Journey”, o primeiro tema do álbum começa a soar: Hawkwind. Não se pense no entanto que temos aqui uma cópia da mítica banda inglesa por onde passou Lemmy Kilmister antes de formar os Motörhead. Há aqui identidade própria, por muito que a forma e fórmula sejam mais que batidas, que são. Nesta coisa do rock psicadélico, o que interessa mesmo é o quão longe conseguimos ser arrancados desta realidade que nos prende como se tivéssemos uma bola de chumbo amarrada ao pé com uma corrente. Aqui, não só a bola se desfaz em metal líquido como o próprio tecido da realidade se dobra e dança à nossa volta.
Estas cinco músicas fluem como uma só e com uma considerável graça, fazendo com que estes trinta e poucos minutos pareçam menos de metade. Se há alguma coisa que não flui tão bem é a voz de bagaço do vocalista, que além de parecer forçada, chega a soar a paródia. Ainda assim, “Sonic Praise” é a maior prova de que a música pode infligir os mesmos efeitos que substâncias psicotrópicas, cogumelos ou ácidos, sem os óbvios efeitos destruidores para o corpo. Quando se tem música que soa refrescante apesar de estar acente na sua estrutura em regras que já foram criadas há mais quarenta anos, é porque é mesmo algo que vale a pena conhecer. O pessoal da Relapse anda atento.
Nota: 8.5/10
Review por Fernando Ferreira
Imediamente há um nome que nos surge assim que “Journey”, o primeiro tema do álbum começa a soar: Hawkwind. Não se pense no entanto que temos aqui uma cópia da mítica banda inglesa por onde passou Lemmy Kilmister antes de formar os Motörhead. Há aqui identidade própria, por muito que a forma e fórmula sejam mais que batidas, que são. Nesta coisa do rock psicadélico, o que interessa mesmo é o quão longe conseguimos ser arrancados desta realidade que nos prende como se tivéssemos uma bola de chumbo amarrada ao pé com uma corrente. Aqui, não só a bola se desfaz em metal líquido como o próprio tecido da realidade se dobra e dança à nossa volta.
Estas cinco músicas fluem como uma só e com uma considerável graça, fazendo com que estes trinta e poucos minutos pareçam menos de metade. Se há alguma coisa que não flui tão bem é a voz de bagaço do vocalista, que além de parecer forçada, chega a soar a paródia. Ainda assim, “Sonic Praise” é a maior prova de que a música pode infligir os mesmos efeitos que substâncias psicotrópicas, cogumelos ou ácidos, sem os óbvios efeitos destruidores para o corpo. Quando se tem música que soa refrescante apesar de estar acente na sua estrutura em regras que já foram criadas há mais quarenta anos, é porque é mesmo algo que vale a pena conhecer. O pessoal da Relapse anda atento.
Nota: 8.5/10
Review por Fernando Ferreira