O underground tem aquela característica formidável de fazer com que uma pessoa tropece em música original e extraordinária quando menos está à espera. Chamar extraordinária à sonoridade dos italianos Veratrum seria um exagero, pois aqui não se reinventa a roda, porém associar a palavra à qualidade musical é mais do que adequado.
Apesar de estarem rotulados como death/black metal, a verdade é que em “Mondi Sospensi” não há elementos que pertençam ao black metal ou momentos que façam lembrar o estilo. Há sim, e a potes, death metal poderoso que não tem qualquer dificuldade em alternar com uma subtileza louvável entre momentos destruidores de alta velocidade e sequências monolíticas tocadas a mid tempo, havendo sempre espaço e, muito mais importante ainda, técnica, para inserir teclados que levam a música a roçar muitas vezes o sinfónico, uma variedade de guturais que se estendem desde os mais graves e profundos até aos mais rasgados, e um leque de riffs bem catchy que atribuem uma maior diversidade aos temas que já por si são bastante autónomos uns dos outros.
As influências deste quarteto de Bergamo também são muitas, sendo as que melhor os definem serão uns Be’Lakor mais agressivos e uns Behemoth menos brutais, mas a originalidade do grupo é mais do que suficiente para se colarem às suas inspirações e fazerem os ouvintes pensar mais nessas bandas do que naquilo que estão presentemente a ouvir. E os temas apresentados neste “Mondi Sospensi” prometem fazer o disco voltar a girar: havendo aqueles que são mais brutos como “Un Canto” logo no início ou o esmagador “Quando In Alto” com um belo solo quase no seu final; o refrão altamente orelhudo de “Il Culto Della Pietra” que mistura vocalizações femininas e o épico “Il Tempo Del Cerchio”.
O underground tem muito para oferecer, disso ninguém tem dúvidas e este 2º longa duração dos Veratrum talvez seja o bem merecido salto que a banda merece para uma maior exposição no meio.
Nota: 8.6/10
Review por Tiago Neves