Não é todos os dias que se assiste ao regresso de uma banda vinda de 11 anos de hiato, mas agora que todos os problemas pessoais ou conjunturais aparentemente se resolveram, surge então a altura para o regresso triunfal dos Enchant com este longa duração The Great Divide.
Para quem não conhece, e se estão à parte do género é bem natural que isso aconteça, trata-se de uma banda californiana de rock progressivo, com 8 álbuns em carteira, e que vai beber directamente as suas influência tanto aos grandes clássicos como Genesis ou qualquer coisa que Rick Wakeman tenha feito na vida, bem como a colectivos mais contemporâneos como Rush ou Fates Warning. É curioso, que qualidades à parte, parece algo antagónico chamar de progressivo a algo que soa tão familiar, mas isso são outras contas.
Ouvindo The Great Divide podemos apreciar a técnica e destreza dos seus músicos, a capacidade vocal do cantor Ted Leonard, bem como complexidade das suas composições e arranjos, fazendo deste disco sublime nesse aspecto. Mas um disco é bem mais do que isso. É necessário as composições terem vida, ou algo mais do que escalas tocadas com mestria, que as faça diferenciar do resto.
Isto para não falar de que The Great Divide não trás nada de relativamente inovador ao género, e não é preciso estar embriagado de música progressiva ou conhecer 2000 discos de rock sinfónico, para que muito do material aqui contido soe estranhamente a deja vu. Hoje em dia já não se exige que se reinvente o género, mas ao menos que haja o mínimo de capacidade de think outiside the box, especialmente neste género.
Convém todavia dizer que a primeira parte de The Great Divide é bastante superior ao restante do disco e tanto Circles como a faixa-titulo, são temas que irão satisfazer, e de que maneira, o paladar dos apreciadores do género, através das eventuais mudanças de ritmos, e as diferentes escalas tanto de guitarra como de sintetizadores.
Um bom disco, mas de tudo o álbum que irá trazer novos fãs tanto à banda como ao estilo.
Review por António Salazar Antunes