Um arco-íris, uma palete de cores, camadas de emoções, infinitas texturas com direito a um contemplar majestoso e silencioso das planícies Alentejanas. Tudo isto sobre o olhar atento e mortífero deste abutre que aguarda pacientemente pelo baixar da guarda de todos os que arriscam entrar neste ambiente musical.
A distorção é o veículo eleito para servir de máquina a vapor deste conjunto de temas onde tudo ou quase tudo fervilha de intensidade. É como se os Awaiting the Vultures transportassem várias carruagens temáticas, uma dedicada ao Fado, outra ao Metal e ainda outra ao Post Rock. A fusão é perfeita e transforma o complexo em simples!
Se, actualmente, já é um desafio fazer música que nos agarre e eleve bem lá para cima, imaginem quanto motivante será consegui-lo atingir quando nos cingimos apenas à dimensão instrumental. Basicamente é o que os nacionais Awaiting the Vultures nos propõem, viagens sonoras, devidamente encenadas, personalizadas e com formas tão humanas que julgamos estar frente a frente com alguém, em pele e osso, a ter a conversa mais importante da nossa vida. Esta habilidade de criar uma imagem perfeitamente empática com os nossos sentimentos acaba por ser o grande trunfo deste álbum de estreia. A capacidade de ler o que nos vai na alma é proporcional à mestria de a converter em pura vibração cintilante para o nosso Ser.
Longe de ser funerário, esta espera equivale a uma certeza libertadora e apaziguadora, indolor e ascensional, revertendo em prazer a intimidade com que a banda transmite a sua mensagem.
Nota: 8.8/10
Review por Pedro Pedra