Fazendo uma apresentação rápida, os Prurient são a entidade musical que tem por trás o músico experimental Dominick Fernow e que é um daqueles casos em que é simplesmente impossível de seguir a sua discografia, tendo mais lançamentos desde 1998 (data em que o projecto nasceu) que o Benfica jogadores, o que por si só já é um número interessante. No entanto, não é algo totalmente inédito já que o underground do ambiente, darkwave, noise, industrial e power electronics está cheio de projectos com estas características. Ainda assim, a capacidade que Fernow tem de variar as suas experiências sonoras, faz com que cada trabalho suscite um nível moderado de curiosidade.
É o caso deste “Frozen Niagara Falls”, que apesar de ser provavelmente (quem sabe?) o centésimo álbum/lançamento dos Prurient nos últimos anos, ainda consegue chamar a atenção, principalmente tendo em mente a interrogação “o-que-será-que-este-grande-maluco-vai-preparar-agora?” É o que safa este projecto, é esta expectativa de esperar o inesperado porque sempre que temos um qualquer projecto de industrial e noise é fácil ter a impressão de que temos o mesmo disco, o mesmo barulho, lançado vezes sem conta, com alterações mínimas demais para que se consiga dar relevância. Aqui, não se tem isso, embora tenha que se referir que apesar da multiplicidade de géneros focados, o noise experimental é o grande foco.
Em dois discos, Fernow faz um trabalho exemplar em mostrar um álbum cheio de dinâmicas – e no género em questão, este é um grande feito, mesmo! – e influências mais inesperadas (como a tipicamente electrónica da década de oitenta “Every Relationship Earthrise”, esquecendo a voz extrema, ou a pesada e industrial“Dragonflies To Sew You Up”, apenas para dar dois pequenose rápidos exemplos). Este álbum é uma boa prova de que há forma de passar por cima dos lugares comuns que um álbum deste género nos traz, evitando que se pense “é apenas mais um”. E consegue fazê-lo mesmo abraçando muitos dos lugares comuns em termos musicais. Ou seja, é um álbum diverso, completo, com uma série de emoções diferentes, mas que tem por base músicas que utilizam de forma inteligente os clichês que as identificam à distância. Bom trabalho, num género que tem uma dificuldade crónica em fazer com que os seus álbuns se sobressaiam.
Nota: 8/10
Review por Fernando Ferreira
