Os Tod Huetet Uebel são uma banda de Black Metal com influências de death e grind, oriunda de Lisboa formada em 2012 por Daniel C. A Metal Imperium agradece o facto de se mostrarem disponíveis para esta entrevista.
M.I. – Boas Daniel, antes de mais fala-me um pouco deste projecto que começou por ser a solo, e que deu os primeiros frutos com o EP Morte e Caos em 2013.
Daniel - Este projecto nasceu depois de um período em que parei de compor, sempre o tinha feito mas sem grandes resultados, e o Morte e Caos foi como que um “fodam-se todos” em que voltei a pegar na guitarra e decidi levar as coisas pra frente sozinho, sem ter pessoas a complicar.
M.I. - Como foi produzir um EP sozinho?
Daniel - Foi fácil, a minha profissão é na área do áudio e trabalho com programas de gravação há uns bons anos. Sei como quero as coisas; é questão de ir fazendo até atingir a sonoridade pretendida.
M.I.- Qual o motivo que te levou a optar por incluir um novo membro no projeto, o vocalista Marcos M., para este novo trabalho?
Daniel – Eu, como vocalista, sou limitado e como letrista sou nulo. Já tinha feito umas experiências com o Marcos no passado. Sabia do que ele é capaz e sabia que o álbum precisava de alguém como ele. E, de facto, não podia estar mais satisfeito com o que ele fez. O Marcos, tal como eu, andava cheio de ideias aos anos sem nunca conseguir materializar essas ideias. Espero continuar a contar com ele para os próximos lançamentos.
M.I. - "Malícia" foi lançado em edição limitada no passado dia 22 de Abril, como está a ser o feedback?
Daniel - O feedback está a ser excelente desde que o álbum foi lançado em stream. A edição física, infelizmente, tem tido vários adiamentos por problemas na fábrica e teremos que esperar mais um mês, só sairá lá para finais de Maio.
M.I. - O design do álbum é da inteira responsabilidade do artista Jean-Emmanuel "Valnoir" Simoulin, que já é bastante conhecido por trabalhar com bandas como Behemoth, Morbid Angel, Paradise Lost, entre outras. Será ele uma das únicas pessoas capazes de captar e transpor o lado negro que este álbum acarreta?
Daniel - Antes de mais a escolha do artista deveu-se ao facto de eu querer alguém com provas dadas, alguém que saiba desenvolver um artwork completo e não só a capa frontal. Gosto do trabalho do Valnoir, dei-lhe o álbum para ouvir e liberdade criativa total dentro dos ideais de Tod Huetet Uebel. O resultado é um complemento perfeito para a música.
M.I. - A linhagem dos Tod Huetet Uebel está repleta de influências old school do black metal, embora evidencie um ambiente pós-apocalíptico, até quase um pouco psicótico ( no bom sentido ;). Conseguir transportar o público para todos estes estados de espírito, decerto é um dos ideais da banda, mas para além disso, têm algum objectivo ou mensagem específica que queiram transmitir?
Daniel - Tod Huetet Uebel é dor e ódio. Há um lado misantropo em que abordamos o ser humano como destruidor do seu próprio habitat, de consciencialização para um planeta sobrelotado. É também um manifesto pessoal em que rejeito e abomino o conceito de deuses e religiões.
Marcos - Ódio, dor - Elementos comuns no black metal, nos quais Tod Huetet Uebel é encarnado como consciência exilada contemplando o seu próprio reflexo disforme. Tod Huetet Uebel é o Homem na sua hora final, é o afirmar da vida como traiçoeira amante, cúmplice no decair do Ego e na concepção da loucura. É o congruente de memórias que nos levam a ansiar, a perder, a amar e a cessar de ser.
M.I. - Como projectas o futuro próximo dos Tod Huetet Uebel?
Daniel - O próximo passo é um novo EP a ser lançado em 2016 que já está a ser preparado juntamente com o Marcos.
Entrevista por Diogo Brito