Segundo álbum dos alemães Shakhtyor que nos apresentam uma fórmula apocalíptica de post-metal instrumental que flui como se fosse água a escorrer pela garganta abaixo - isto partindo do princípio de que não se está preso dentro de um carro nas profundezas de um qualquer rio perto de si. Este até poderá ser um trabalho que começa por passar despercebido durante os primeiros minutos, tocando sem que o ouvinte seja puxado para o que se está a passar em relação ao som que vai saindo das colunas. E podem passar muito bem duas ou três músicas até que se fique hipnotizado, se bem que é algo que poderá variar consoante as sensibilidades e gostos de cada um.
É sempre discutível, porque o acto de ouvir música é bem pessoal e apela à solidão de cada um, vendo-se despido - quando a isso se permite - e confrontado com a sua própria alma e é o que este trabalho mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos resistência, vai fazer com qualquer um que lhe permite a dar esse poder. Poderia dizer de forma banal, que se trata apenas de música instrumental e até poderá ser descrito como tal de forma justa, mas tal como o sol "apenas" nos dá vida, também "Tunguska" é apenas um álbum de post-metal instrumental que muitos poderão acusar de não ter grandes variações. Não tem, é um facto, mas mesmo assim, tem mais vida e alma que muitas outras coisas que nos tentam impingir diariamente.
Os Shakhtyor não demonstram estar no pico da sua forma, mas demonstram que conseguem atingir muito mais. "Zerfall" ainda vai a meio e aqueles que consegue despertar, ou ser arrancados, do seu sono profundo ficarão profundamente viciados no que se pode ouvir e anseiam pela segunda metade do álbum, que apesar de não passar tão rapidamente como a primeira, é igualmente prazeirosa - aqueles blastbeats da "Schlagwetter" são tão surpreendentes como deliciosos. Isso e o groove que se lhe segue. Um álbum que não chega a cinquenta minutos mas que pode levar a muitas horas de viagem introspectiva porque o maior feito da música deste segundo trabalho não é conseguir fazer com que o ouvinte viage para longe mas sim com que ele se perque dentro de si mesmo.
Nota: 8.7/10
Review por Fernando Ferreira