Ao primeiro contacto, a memória traz Isis, com a voz chega-nos Neurosis. A produção não comunica a densidade desejada ao trabalho, mas pode ser um gosto pessoal. Uns minutos depois é Crowbar que nos surge. “Merging Land and Sky” faz jus ao título e oferece um trabalho que, sem deslumbrar, consegue cativar o ouvinte.
Disco de estreia para o duo austríaco que até ao momento apenas tinha editado o EP “Sea Of Disorder”, em 2013. Este trabalho é gravado em casa e tem diversos músicos convidados, como Jason Watkins dos Mouth Of The Architect. Os temas longos são naturalmente explorados, com a faixa título e “Falling Giants” a serem as únicas abaixo dos oito minutos. Os teclados, cortesia de Christian Hubmann, estão bastante presentes em alguns temas, particularmente em “Horizon”, a última faixa
Inscrevendo-se no Post-Rock e Doom Metal, o duo nunca consegue criar a cumplicidade necessária a gerar uma atmosfera de intimidade necessária a este tipo de som, por isso a escuta do disco, mesmo em momentos fascinantes como “As The Clouds Disperse”, deixa sempre a sensação que tudo passa do outro lado, como passageiros num carro que passam pelo acontecimento sem serem parte dele.
Sendo um disco despojado da força e raiva de uns Crowbar, ou dos crescendos monstruosos de uns Isis, restava-lhe o lado mais delicado e intimista para efectivamente cativar o ouvinte. Robert Czeko e Christian Hubmann apostam no do it yourself, criando as composições, gravando, produzindo e chegando ao ponto da edição gráfica também ser de Robert. Falta-lhes alguém de fora, um produtor, que lhes explique a necessidade de criar cumplicidade com o ouvinte.
Nota: 7/10
Review por Emanuel Ferreira