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Reportagem: Vader, Hate e Shredhead @ Paradise Garage, Lisboa - 26/03/2015

Uma cimeira polaca invadiu Lisboa na noite do passado dia 26 de Março. O Paradise Garage foi a casa escolhida para o regresso dos Vader ao nosso país, acompanhados pelos compatriotas Hate e pelos Shredhead que, vindos de Israel, eram uma espécie de "underdog" dispostos a conquistar novos fãs neste cantinho do velho continente.

À hora marcada o ambiente era frio. A pouca ou nenhuma "confusão" à entrada dava a ideia de uma casa descomposta, o que talvez nem fosse tão surpreendente assim. De facto, quando os israelitas subiram ao palco para aquecer os corpos, a plateia apresentava um aspecto um tanto ou quanto desolador, situação que se manteve durante a actuação. Todavia, a banda provou que a atitude não deve ter nada a ver com essa questão e deixou tudo o que tinha na capital portuguesa, exibindo o seu thrash de contornos modernaços, com toques de Pantera pelo meio (foi só a mim que o vocalista fez lembrar o Phil?). Com o público a aderir e, provavelmente novos fãs a nascerem ali mesmo, a intensidade cresceu quando Aharon Ragoza desceu à plateia e abriu um mosh até então envergonhado. "Death Is Righteous", o segundo álbum da banda acabado de sair foi o mote para um inicio de noite que cumpriu perfeitamente com o seu objectivo.

Terminada a única actuação não polaca da noite, e com a casa a compor-se de forma mais decisiva e simpática, foi a vez dos Hate dispararem ódio em todas as direcções, com base no deu Death Metal anti-cristão e numa performance bem estudada e mecanizada, a lembrar um pouco o que é produzido pelos Behemoth, musical e visualmente falando. O recente "Crusade:Zero", nono álbum de estúdio, não mereceu grande atenção, tendo a banda focado a sua actuação em registos anteriores, culminando a mesma com dois malhões do "Morphoses" de 2008: "Resurrection Machine" e a tremenda "Threnody". Não havia mais nada para aquecer. As cabeças rolaram o suficiente e a expectativa estava lá em cima. Arrancávamos para o ultimo sound check da noite; aquele que antecedia o regresso dos Vader aos palcos nacionais.

O publico chegava-se à frente. Todos queriam estar perto do palco e de Piotr Wiwczarek, o emblemático vocalista/guitarrista da máquina de destruição polaca. Intensos como sempre, o concerto dos Vader foi como descer ao inferno e sair de lá sem ponta de vida e forças. A brutalidade a que a banda nos habituou em concertos anteriores, foi novamente exposta diante de nós, de uma forma tão crua e natural que nos leva a crer que o armamento está aí para durar, como também comprova o recente registo "Tibi Et Igni", pano de fundo desta performance. Revisitando os tempos que fizeram dos Vader uma das referências do Death Metal, passando por álbuns como "De Profundis" e "The Ultimate Incantation" (ambos com peso na setlist), os polacos lembraram uma vez mais que estão aí para as curvas e com muito para dar ao metal. Desta vez sem "Raining Blood", foi com "Wings" e "Helleluyah! (God is Dead)" que o evento chegou ao fim. O sentimento geral era de satisfação e de dever mais que cumprido após mais uma noitada cheia de rock! Alcântara tremeu.


Texto por Carlos Fonte
Fotografias por Igor Ferreira
Agradecimentos: Prime Artists