“Acheron” é um daqueles discos complicados de escutar. A primeira audição acabu interrompida e confesso ter tido dificuldade em voltar a pegar no trabalho. Não necessariamente pela qualidade, mas pelo som que ele entrega ao ouvinte, umas vezes electrónico sem se assumir como tal, outras mais tradicional, sem nunca satisfazer. Se ficar entre estes dois campos já pode ser complicado, ainda mais o é quando oscila entre o death e o metal mais técnico, por vezes parecendo que se está a escutar um conjunto de beats programados e não um tema executado por um músico na íntegra.
Tome-se “Lethean Waves”, com um intro quase nw age, seguido de uns blast beats programados, seguidos de voz gutural. Ao fim do primeiro minuto os teclados tornam-se melodiosos e uma voz feminina surge. Este é uma faixa que descreve bem este “Acheron”. Depois surge “Ode to the Forgotten Few”, tema pretensioso com teclas, coros e a voz feminina de Mel Rose, demasiado longo e perfeitamente nulo no contexto do disco, podendo funcionar melhor como outro que entalado entre duas faixas mais extremas. Tendo em conta que se está perante um duo em que David Holch se encarrega dos vocais e Joe Tiberi da guitarra e programação, percebe-se que o trabalho resulta mais de um esforço de estúdio que de um disco composto por um grupo, enquanto colectivo que partilha ideias.
Sucessor de “Xenon”, de 2014, este trabalho revela demasiadas ideias, nem sempre boas, e muita ambição, como se observa em “Adastreia”, um dos melhores temas, onde a ambição do colectivo consegue atingir aceitação, logo depois traída por “Invictus Daedalus”e o seu longo intro algures entre o tribal e sinfónico. A este tema junta-se ainda “Vanquisher”, um excelente tema em que electrónica se mistura com coros e melodias de influência medieval, numa linha que, fosse o disco assim, certamente produziria um disco bastante interessante.
No balanço tem-se um disco bipolar, pretensioso, em que os americanos tentam soar algures como um cruzamento entre o electrónico de Samael e o sinfónico de uns Cradle Of Filth ou Dimmu Borgir, numa aposta com bons temas mas falhada no balanço final.
Nota: 6/10
Review por Emanuel Ferreira