O sucesso do segundo longa duração dos Europe, nos anos 80, foi de dimensão tal que se tornou num estigma para o grupo, convertendo-o em motivo de piadas e levando à sua desagregação prematura. Ficou, esquecido, o sólido reportório, assente numa herança de Rainbow e Deep Purple, numa altura em que estas referências eram raras entre outros nomes do estilo. Também esquecida, ficou a qualidade dos músicos, em particular de John Norum, um dos melhores guitarristas suecos, como se pode escutar em “Vasastan”, um instrumental claramente inspirado no som de Gary Moore, que encerra este trabalho de 2015. Entre 1992 e 1998 o colectivo esteve separado, lentamente iniciando uma recuperação que, cerca de 2008, voltou a ser um caso sério, tendo em “Last Look at Eden” (2009) e “Bag of Bones” (2012) dois dos melhores discos da história do grupo.
“War Of Kings” é o trabalho que os sucede, e perde para os dois referidos trabalhos, mais pela qualidade destes que por demérito do seus sucessor. Com excelentes faixas como “War of Kings”, “Hole In My Pocket” ou “Days of Rock n Roll” o disco fica um pouco desequilibrado, por tentar ser mais audacioso ao explorar temas mid tempo, como a muito boa “Second Day”, ou perdendo-se nas imitações a Coverdale, de Tempest, como “Praise You”, em que o vocalista tenta seguir o caminho zeppeliano do vocalista de Whitesnake. O grupo passa melhor quando faz aquilo que bem sabe, permitir a Norum e Mic Michaeli que sigam as suas referências purplelianas como em “Nothin' To Ya” ou na introdução de “California 405”. Dave Cobb, produtor, não conseguiu o melhor equilíbrio para este disco, e esse é o maior defeito dele.
Para que não fiquem dúvidas, os Europe são, neste momento, a melhor banda de Hard Rock, dos anos 80, no activo e “War Of Kings” é muito bom. O problema é os dois anteriores serem excelentes…
Nota: 8/10
Review por Emanuel Ferreira