Quando comecei a ouvir heavy metal há uns dez anos atrás, já se falava de uma saturação do género, onde as novas bandas copiavam as antigas e o colapso estava próximo. Isso acontecia principalmente no thrash metal, um subgénero carregado de estereótipos e clichés (“thrashhhhh”) e onde não se via evolução aparente. Contudo, o tempo mostrou que tudo isso estava errado e ano após ano são abundantes os grandes álbuns proliferados pelo género. Os Eradicator não são uma das bandas mais conhecidas desta nova vaga do thrash metal, mas são, na minha opinião, uma das mais regulares e interessantes de todo o circuito.
A banda alemã mantém a fasquia alta depois de dois lançamentos muito interessantes, onde se notava muita qualidade e muitos “momentos bomba”, ou seja, momentos onde só apetece ao ouvinte partir a casa toda a pontapé. Ao jeito de Matt Drake, também a voz de Sebastian Stöber parece melhorar de ano para ano e a toda a banda acompanha essa melhoria com composições mais interessantes. A banda já mostrava noutras canções que consegue sair do “normal” (“Parasite”, “Never Surrender” ou “Born of Hate” são exemplos disso), mas neste “Slavery” são muitos os momentos de qualidade superior que estão à disposição do ouvinte. Logo a abrir, “Of Ashes and Sand” é um espectáculo pirotécnico de solos e riffs do submundo, onde se destaca uma quebra propositada a meio da canção, que faz imergir aquilo que parece ser uma nova música, mas que não chega a ser. Ideal para partir tudo (lá está), a canção abre-nos o apetite para um álbum que está recheado de momentos destes.
Para além dos já referidos “momentos bomba”, muito apreciados por estas bandas, o quarteto germânico mostra muita personalidade e identidade sonora ao terceiro álbum. A voz de “Seba” Stöber é algo arrastada, distinta e facilmente reconhecível em comparação a outras bandas recentes e o próprio som dos Eradicator tem uma preocupação de “deixar brilhar todos” que acaba por contagiar rapidamente. Se “Two Thousand Thirteen” ou “One Man Jury” dão grande destaque às guitarradas, "Bloodbath” dá tempo de antena ao baixo e a faixa título põe a bateria a deitar fumo. Este é um álbum sem canções fracas, que vão rapidamente da melodia à fúria, com refrões melódicos (“Slavery”), riffs viciantes (“The States of Atrocity”) e muita velocidade (“Evil Command”). Ainda sem grande reconhecimento, os Eradicator mostram que fazer boa música não é suficiente para o sucesso. O nome da banda não é propriamente catchy, a editora Yonah Records não é propriamente grande, o look da banda não é lá muito metal, mas as canções são do melhor que se faz actualmente dentro do género. Capazes de combater lado a lado com nomes como os Havok, Vektor, Tantara ou Evile, os Eradicator são um achado que escapará aos thrashers mais distraídos por mais algum tempo, o que é uma pena. É um fado cruel, mas é o preço a pagar por uma banda que é feia por fora, mas muito bonita no que interessa: música.
Nota: 8.6/10
Review por Pedro Bento