Os sauditas Al-Namrood não têm tido a vida facilitada, tudo porque praticam o black metal, claro está com letras anti-religiosas, num país onde cerca de 100 por cento da população é muçulmana. No entanto, e a muito custo, a banda já conta com uma carreira de sete anos, onde lançou quatro LPs, tendo editado este ano um novo EP, arriscando contudo a pena de prisão ou até mesmo a morte, já que a criação de música anti-islâmica, ou uma simples actuação ao vivo, podem ser legalmente puníveis.
Numa rara entrevista com Mephisto, guitarrista e baixista da banda, ficámos a conhecer um pouco sobre este projecto e as dificuldades que a banda atravessa para se assumir no mundo da música:
"Al-Namrood (traduzido por "não-crente") é o nome árabe do rei babilónico Nimrod, um rei tirano poderoso que governou a Babilónia com sangue e desafiou o governador do universo, de acordo com os dogmas das religiões monoteístas. Nós achámos que o título de Al-Namrood se encaixava perfeitamente na mensagem da banda.
"Estamos fartos de religião. O facto é que tudo o que está ligado a ela, provoca-nos náuseas. Eu falei pessoalmente com um psiquiatra. Ele aconselhou-me, sempre que me exaltasse, a expressar o que estou a sentir. Portanto, aqui estamos nós a expressarmo-nos. O que pode ser mais motivador do que viver num lugar onde tudo é controlado pela religião? Basicamente, as pessoas aqui não têm direitos para fazer nada. Somos governados pela sharia islâmica. Tudo o que fazemos deve ser justificado pelo Islão e reconhecido pela sociedade. Existem dois poderes revoltantes: o da religião e da nossa sociedade. Ambos interagem e complementam-se."
Por: Bruno Porta Nova - 24 Abril 15
