Os Atra Hora são uma já com alguns anos de idade, provenientes da Rússia. Após um início vincado no black metal, decidiram mudar de rumo ao longo de três álbuns de originais, lançados através da editora da banda (Draknagar Records), sendo mais recente lançamento denominado "Metahom": um álbum com sete faixas de dark metal que é sem dúvida original tanto em temática como em sonoridade, tendo conseguido algo que hoje em dia é tido como raro: encontrar um nicho dentro do enorme leque de sonoridades e temas do mundo da música extrema. De início é possível notar uma série de riffs e orquestrações de carácter épico que são grandemente compostos em escalas orientais, relembrando grandes bandas como Orphaned Land ou Myrath.
Todo este ambiente musical é acompanhado por uma voz gutural poderosa, que apesar de ligeiramente monocórdica, cumpre efectivamente a sua função. Também nos deparamos com vocais limpos ao longo do álbum, presentes em quase todas as músicas, que infelizmente não estão completamente bem conseguidos, falhando ligeiramente em cumprir o objectivo de acrescentar dinâmica à performance vocal. Além dos instrumentos padrão de uma banda de metal, podemos ouvir ao longo do álbum vários instrumentos de ritmo, cordas e sopro, auxiliando na construção do som épico anteriormente referido, algo que pode ser apreciado com maior destaque na terceira música desta obra, Tartaros. Todas as músicas possuem uma identidade própria, sendo perfeitamente possível distinguir entre faixas diferentes, dando uma quantidade ínfima de espaço para a monotonia.
A penúltima faixa deste álbum é uma surpresa agradável na forma de uma cover de Dead Can Dance, algo que não é comum neste género musical. Apesar de o instrumental estar algo que pode ser considerado como um pouco embrutecido, especialmente tendo em conta a profundidade emocional da original, tem alguns pontos altos interessantes, tanto a nível técnico como a nível melódico. O acréscimo de gutural a esta música pode, no entanto, ser encarado como algo original ou estranho, dependendo do ouvinte. Terminando com A Voice From The Forgotten Deep (se não contarmos com o remix estranho que encerra este álbum), ficamos com uma obra com força, potencial, e produção relativamente boa, que possui tudo para agradar os apreciadores de música extrema com uma sonoridade diferente e original.
Nota: 8.5/10
Review por Ricardo Pereira