Primeiro álbum desta nova entidade que nasceu das cinzas da conhecida banda de rock experimental Japonesa Ghost, talvez desconhecida para grande parte do público apreciador de metal, mas que de certo aqueles que deambulam pelo rock alternativo já ouviu falara deles. Estilos aparte, o que tem de ser dito para qualquer banda japonesa - e isto sem querer soar da forma errada - é que quando cantam, seja em que língua for, soa sempre a japonês e esta estreia não é excepção. Não nos focando nos nossos preconceitos e sim na música em si, é possível encontrar muitos bons pormenores nesta estreia.
O primeiro tema, "Lemon Iro No Cannabis", dá-nos um cheirinho agradável a rock progressivo da década setenta, enquanto a faixa que se lhe segue, "Gotter Im Exil" tem um ar mais folk que é igualmente atractivo. Conforme a música nos desarma os preconceitos que temos em relação à voz (ou ao sotaque) mais facilmente apreciamos a qualidade evidente deste trabalho que demorou mais de 18 meses a fazer. O resultado é um conjunto de músicas que apelam á tranquilidade ("Jewels In Tibet" poderia ser banda sonora de um qualquer filme da década de setenta e ganhar um Óscar ou pelo menos ser nomeado) e à viagem psicadélica própria do rock progressivo ("Black Is The Color If My True Lover's Hair" poderia ser uma junção entre os Jethro Tull e Uriah Heep).
Não é um trabalho de fácil audição, principalmente para quem tem os horizontes fechados ou espera algo remotamente metal. Que se desiludam já, não é o que vão encontrar aqui, mas mesmo assim, o que temos é um trabalho bastante interessante, quase impossível de classificar e de absorver de uma vez só. Se pegarmos numa faixa como "Tango Whiskeyman" temos uma espécie de frenesim jazz enquanto "Triptycon" é uma viagem que parece foi provocada por ácidos. Muitos sentimentos, muitas paisagens diferentes, num disco que é riquissimo e muito interessante descobrir e redescobrir a cada nova audição.
Nota: 8/10
Review por Fernando Ferreira
