Herdeiro do som que se caracterizou como black metal norueguês, o projecto Taake (nevoeiro na língua mãe) é, na realidade, obra de um só homem: Hoest ou Høst, “Outono” em norueguês. Com origens em 1995, a partir das cinzas da banda Thule, Taake teve um percurso editorial irregular, mas lentamente foi criando um grupo de seguidores e, em simultâneo, tornava o seu som mais coeso. Os trabalhos de 2008, “Taake” e de 2011 “Noregs vaapen” revelaram-se dos melhores no estilo, o que atraiu ainda mais os seguidores deste som. Surge agora este “Stridens Hus”, antecedido por um Ep de quatro temas, “Kulde”, com duas faixas antecipando o álbum, um inédito e uma versão dos The Cure.
“Stridens Hus” inicia-se com uma longa faixa, “Det Fins En Prins”, que desde logo contém malhas hipnotizantes e que só por elas valem o disco. Com “En Sang Til Sand Om Ildebrann” e “Gamle Norig” temos uma abordagem mais conservadora do estilo, mas a partir de “Kongsgaard Bestaar” o ritmo muda e passamos a ter um disco em que o black se funde com Rock, particularmente em “Orm”, uma faixa com tanto de Motorhead como de Satyricon, em que às habituais malhas e guturais do black norueguês se impõe um ritmo rock, que apenas falha a partir de metade do tema em que a inserção de segundas guitarras, mais melódicas, não funciona bem, mais por culpa da mistura que da ideia, soando o resultado algo fora de tempo.
Este lado mais criativo do disco e o quebrar barreiras aqui patente, poderá afastar adeptos mais conservadores, mas não deixa de ser uma abordagem que retrata a evolução natural de muitos adeptos deste som que com o tempo acabam a escutar projectos mais melódicos. Mais grave que o lado Rock do disco, será a produção – o caso de “Orm” – e a selecção de temas, pois “Stank” regressa às origens sonoras do projecto, criando algum desequilíbrio sonoro na escuta do disco, ao mesmo tempo que a partir de meio do tema, voltamos a ser assombrados por solos mais clássicos que surgem colados ao tema e nem sempre bem inseridos.
No balanço final, este “Stridens Hus” tem tudo para ser uma grande disco de black metal, mas falha na produção e composição, parecendo mais como uma mostra do que poderá vir por aí no próximo trabalho.
Nota: 7.5/10
Review por Emanuel Ferreira