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Siriun - “In Chaos We Trust” Review


“In Chaos We Trust” é o nome do álbum de estreia da banda de death-metal progressivo Siriun, um power trio que conta com um vocalista/guitarrista e um baixista de origem brasileira (Alexandre Castellan e Hugo Machado, respectivamente) e também com o consideravelmente habilidoso Kevin Talley na bateria, actual baterista dos gigantes do death-metal Suffocation. Este álbum, disponível para download gratuito no site oficial da banda (www.siriunband.com), foi produzido por Kevin e Alexandre, que por sua vez descrevem este lançamento como uma mistura de peso, agressividade, rapidez e passagens acústicas sombrias acompanhados por letras de temas de carácter filosófico, social e espiritual.

Desde início é tremendamente notório que este álbum possui uma dose relativamente grande de agressividade, com a música “Mass Control” a marcar um ritmo rápido e violento que será bastante comum ao longo do álbum, brindando o ouvinte com um solo brutal seguido de uma série de arranjos (incluindo um breakdown) que arrancam a música da monotonia da repetição, conferindo uma saudável dose de progressividade que se irá verificando ao longo do álbum. Segue-se “Infected”, com riffs de alta distorção acompanhados de secções rítmicas espetacularmente técnicas e rápidas, tudo isto intercalado com pormenores de guitarra acústica, havendo uma dualidade vocal interessante da parte do vocalista Alexandre, sendo possível ouvir uma voz arranhada diferente do típico gutural de death-metal. Apesar das repentinas inversões de ritmo que por vezes apanham o ouvinte de surpresa (correndo o risco de agradar apenas a fãs de música progressiva), esta música demonstra uma habilidade técnica de capacidade de composição bastante avançada da parte da banda. O tema seguinte, “Spread Of Hate”, faz juz ao seu nome ao ser um tema furioso, mesmo para os padrões deste álbum, relembrando ocasionalmente as composições mais recentes de Soulfly. “Cosmogenesis” consiste num agradavelmente melancólico instrumental, composto de uns acordes numa guitarra acústica acompanhados de umas notas agudas de guitarra eléctrica, que tem como função principal introduzir o tema homónimo do álbum, In “Chaos We Trust”, dando o destaque merecido a uma boa composição que é a banda sonora de uma visão apocalíptica, que explode ao fim de uma lúgubre introdução de um minuto e meio, invertendo o paradigma de volta para o death-metal progressivo. Segue-se “Transmutation”, uma música que merece destaque pelo soberbo trabalho de bateria empregue por Kevin Talley, justificando o seu brilhante currículo. “Intent” é o penúltimo tema deste álbum, mais um tema poderoso que ocasionalmente lembra uma versão mais melódica de Meshuggah, antecedendo o término deste “In Chaos We Trust”, denominado “Becoming Aware”, o tema em que Kevin Talley brilha mais a nível de técnica e versatilidade, uma explosão furiosa que encerra esta obra de maneira extremamente apropriada.

Apesar de a banda, de certa forma, usar e abusar da publicidade à participação de Kevin Talley, que por sua vez fez um óptimo trabalho, convém referir que Alexandre e Hugo também cumpriram o seu papel, havendo pormenores ocasionalmente impressionantes de baixo, guitarra e voz, demonstrando a existência de habilidade em termos de composição e execução, possuindo todas as ferramentas para futuramente transcender além da norma. A produção de “In Chaos We Trust” é globalmente boa, sendo possível distinguir todos os instrumentos de maneira relativamente clara, e apesar de por vezes não dar destaque suficiente à voz de Alexandre, a equalização de volumes é geralmente apropriada. Este é, sem sombra de dúvida, um óptimo álbum de estreia que marca o início de uma carreira possivelmente promissora para esta banda.

Nota: 8.7/10

Review por Ricardo Pereira